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  • Palloma Miranda

Voz das Comunidades leva 40 voluntários ao Hemorio

A ação “Sangue de Cria" pretende quebrar barreiras sociais através da doação de sangue


Repórter: Palloma Miranda

Editor: Eduardo Dias


Voluntários da ação em frente ao Hemorio. / Foto: Ana Carla (Instagram: @whoissaana)



A ação “Sangue de Cria”, idealizada pela organização não governamental (ONG) Voz das Comunidades, levou 40 voluntários ao Hemorio para doação de sangue no dia 26 de agosto. A maioria dos doadores era composta por moradores do Complexo do Alemão.


Para os organizadores da ONG, que promove o jornalismo comunitário em favelas do Rio de Janeiro, a campanha marcou o início de uma mudança de perspectiva social. Gustavo Barli, responsável pelas ações sociais do grupo, afirmou que as doações mostram a força da favela para além do preconceito. “Só veem nosso sangue, o sangue das pessoas que moram na favela, quando têm notícias sobre operações, tiroteio, incursões policiais”. O produtor de eventos ressaltou ser essencial reverter a imagem negativa dos moradores de comunidade junto à sociedade.


Encontrar os voluntários foi um processo complicado para a administração do projeto. Apesar de possuir um banco com mais de 160 pessoas interessadas, restrições como peso, idade e saúde impediram mais pessoas do que o imaginado. A organização, então, permitiu que os participantes convidassem amigos para compensar aqueles que não puderam contribuir.


“Uma vida passou e nunca pude doar sangue”


A doação de sangue também pode colaborar na luta contra a segregação sofrida pela comunidade LGBTQIAPN+. Em 2021, o Senado sancionou o projeto de lei que proíbe a discriminação de doadores de sangue com base na orientação sexual. Para o farmacêutico José Liporage, ser gay e contribuir com campanhas da boa ação ficou mais fácil depois da aprovação, mas isso não significa que o preconceito deixou de existir.


Ele sempre tentou ser doador e, mesmo com os testes e a saúde em dia, era impedido ao informar sua orientação sexual. Aos 56 anos, está próximo do limite etário de doação, que é aos 69 anos. Liporage afirma que poderia ter ajudado, mas foi impedido pelas marcas do trauma. “Ficou tão grande que nunca mais consegui doar sangue”.


O treinamento dos profissionais é a chave para atrair mais minorias para a doação de sangue, afirma o farmacêutico. Recebê-las com responsabilidade não somente aumenta o número de bolsas doadas, como também cuida da saúde mental dos voluntários e evita traumas como o vivido ao longo de sua vida. “Precisam colocar que o sangue vai ser testado, que será feito um controle. Não é porque você é gay que vai transmitir”.


“Caramba, posso salvar a vida de alguém”


Voluntárias preenchendo os formulários que viabilizam a doação. / Foto: Ana Carla (Instagram: @whoissaana)



Taina Nascimento, de 28 anos, doou pela segunda vez durante o Sangue de Cria e lamenta o protocolo de esperar alguns meses antes de poder doar de novo. Embora nunca tenha sentido que algo a impedisse de doar sangue, entende o motivo de muitos se sentirem constrangidos.


Para ela, falta prudência em certos profissionais de saúde, que deveriam ter mais cuidado ao falar com algumas pessoas, como solteiros e homossexuais. “A gente está num tempo onde tudo pode ser abordado de uma forma diferente”. Taina sempre foi bem assistida, mas reconhece o quanto a má abordagem pode ser desmotivadora, e que o cuidado com o material recolhido não justifica o constrangimento.



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