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Vitória Thomaz

Uso excessivo de telas pode causar problemas no desenvolvimento infantil

Pesquisa demonstrou que exposição excessiva a telas causou atrasos em habilidades motoras, pessoais e sociais em bebês de até 1 ano


Repórter: Vitória Thomaz

Editor: Bernardo Monteiro


As brincadeiras infantis têm dado lugar a interatividades com telas - Foto: GettyImages



Bebês de um ano que tiveram superexposição a telas por mais de quatro horas, por dia, tiveram dificuldade para desenvolver habilidades de comunicação e resolução de problemas ao chegarem aos 2 e 4 anos de idade, revelou a pesquisa publicada em 21 de agosto deste ano no Journal of the American Medical Association Pediatrics (JAMA).


O estudo foi desenvolvido por cientistas japoneses e analisou 7.097 crianças pequenas de 1 a 4 anos expostas a diferentes níveis de tempo de tela. A maioria ficava menos de duas horas por dia na frente das telas. Cerca de 17,9% das crianças ficavam entre 2 e 4 horas em frente às telas, enquanto 4,1% chegavam a mais de quatro horas de exposição. Os bebês que ficaram mais tempo em contato com telas tiveram atrasos de até dois anos no desenvolvimento.


De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), existe uma recomendação acerca do tempo ideal sobre o uso de aparelhos digitais (Celulares, Televisão, Tablets, etc) para cada idade.


As orientações de limite de tempo para crianças e adolescentes estarem em contato com esses aparelhos eletrônicos são divididas por faixa etária:


Menores de 2 anos: nenhum contato com telas ou videogames; Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia; Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia; Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia.


Com base nessa pesquisa e nas recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a matéria escutou a pediatra Evelyn Eisenstein, membra da SBP, que contou tipos de problemas que estão sendo vistos em crianças que passam muito tempo conectadas. “Estamos vendo cinco tipos de problemas: problemas comportamentais (ansiedade, irritabilidade), corporais (auditivos, visuais, obesidade, sedentarismo), problemas de violência (desafios perigosos da internet, exposição a pornografia), problema de aumento de casos de suicídio e principalmente transtornos de diálogos com pai e mãe."


A médica também falou sobre a importância dos responsáveis proporem outros tipos de atividades para os pequenos, sem o uso de aparelhos digitais. “Pais e mães precisam conviver com seu filho, brincar, fazer atividades em conjunto e não abandonar perante as telas, sair para passear ao ar livre, ter atividades familiares.”


Em uma era tecnológica, o uso de aparelhos digitais está presente na vida de todos, a Sociedade Brasileira de Pediatria não estimula a proibição do uso desses aparelhos após os dois anos, apenas indica a cautela e monitoramento quanto a quantidade de tempo utilizado.


É importante que os pais acompanhem quais conteúdos os filhos consomem no celular. - Foto: Gettyimagens



A maquiadora Danielly Viana, de 23 anos, mãe do pequeno Theodoro, de cinco anos, contou para a nossa matéria as dificuldades de impor limites ao uso de telas na infância, e disse que uma das estratégias usadas por ela é não permitir que o filho tenha um aparelho móvel próprio. “Não acho certo uma criança ter um celular, nem Tablet próprio, ainda mais com cinco anos, que é a idade do meu filho. Então, apenas deixo ele usar o meu celular, com isso consigo controlar mais o uso dele e os jogos que ele tem acesso.”


Fora do ambiente virtual, a mãe disse que também monitora o que Theodoro assiste na televisão. “Assisto tudo que ele vê na TV, ele só pode assistir ao lado dos pais, mas não é regrado quanto tempo ele pode passar em frente a TV ou celular, apesar de ser meu objetivo a longo prazo.” Danielly ainda concluiu sobre o avanço tecnológico ao longo dos anos, e citou o quanto é difícil separar isso das gerações atuais. “Está cada vez mais complicado separar a tecnologia das crianças, eu como uma criança dos anos 2000 sempre fiquei grudada em telas. O PC, a TV, e o videogame, isso é algo que não vamos conseguir tirar das crianças, mas podemos sim usar de uma maneira mais saudável.”



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