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Bruna Silva

Uma em cada quatro mães sofrem de depressão pós-parto

Pressão pelo exercício da maternidade é uma das principais causas de sofrimentos psicológicos das mulheres


Repórter: Bruna Silva

Edição: Eduardo Dias


O sentimento de culpa na recém-mãe faz com que ela se sinta insuficiente para realizar todas as tarefas maternas com perfeição - Foto: Banco de imagem

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aproximadamente 25% das mães brasileiras enfrentam a depressão pós-parto, que pode ser devastadora para a saúde emocional e física da mãe e, consequentemente, para o bem-estar do recém-nascido. Um outro dado alarmante, levantado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que apenas 50% dos casos de depressão pós-parto são diagnosticados.


Andressa Viana, de 35 anos, foi uma das mães que enfrentou esse problema. Ela relatou que, após o nascimento do filho, se viu em um momento difícil e não entendia o porquê de sentir tanta tristeza: “Eu estava ansiosa pela chegada do meu filho, mas logo depois eu sentia muita vontade de chorar, eu ficava constantemente triste, pensando que não poderia mais ter minha vida de antes. Eu tinha medo de ser julgada pela minha família, de eles dizerem que eu não queria cuidar do meu filho. Eu me sentia a pessoa mais horrível do mundo”.


A depressão pós-parto pode vir acompanhada de outros distúrbios


A depressão pós-parto é apenas um dos muitos transtornos mentais que podem afetar as mães durante esse período. A psicóloga Rosângela Cunha alerta que a ansiedade, estresse pós-traumático e transtorno de pânico podem surgir nesse momento delicado. Ela salienta ainda que é fundamental reconhecer esses desafios emocionais e fornecer o apoio necessário para que essas mulheres possam superá-los. “É importante que elas e a família fiquem atentas aos sinais para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível”, afirma a psicóloga.


A profissional explica que é normal as mães passarem por essas mudanças emocionais e que nem sempre significa que a mulher está com depressão ou algum outro tipo de desequilíbrio mental: “Essa mãe tem o direito de se sentir cansada e sobrecarregada emocionalmente, isso não quer dizer que ela esteja com depressão. Mas eu acho importante se manter alerta caso esse cenário permaneça por um longo período de tempo”.


O caso de Andressa não é o único. Juliana Souza, de 27 anos, também enfrentou a depressão e a ansiedade no seu pós-parto. Ela relata que ter a sua família ao seu lado foi crucial para que ela enfrentasse essa batalha: “Eu tive um ataque de ansiedade na maternidade, porque o meu filho tinha recebido alta e eu ainda teria que continuar internada. Eu fiquei desesperada, chorava quase todos os dias. Meu marido ter ficado do meu lado todo o tempo foi muito importante para mim”.


A conscientização, o diagnóstico precoce e o apoio emocional podem ser cruciais para uma experiência positiva com a maternidade. A psicóloga Rosângela Cunha alerta para que as mães procurem ajuda caso apresentem sinais de qualquer tipo de transtorno. “Fazer o acompanhamento com um profissional é fundamental, porque quando a mãe sofre o recém-nascido acaba sofrendo também, de certa forma”.


O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito nas unidades básicas de saúde com os centros de atenção psicossocial, que contam com profissionais capazes de identificar os primeiros sinais do transtorno e ajudar as mães que sofrem de depressão pós-parto. O Ministério da Saúde recomenda que essas mulheres procurem a unidade básica mais próxima de sua região.



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