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UFRRJ aprova cotas para pessoas trans e travestis na pós-graduação

Rural é a primeira universidade com sistema de inclusão de pessoas trans no Rio de Janeiro


Repórter: Abner Rey

Editor: Bernardo Monteiro


No fim de setembro, o conselho estudantil da UFRRJ aprovou a ampliação do sistema de cotas para pessoas trans, travestis, refugiados e quilombolas em Programas de Pós-Graduação (PPGs). A universidade é a primeira no estado do Rio de Janeiro a promover o direito de pessoas trans ingressarem na na pós-graduação por meio de ações afirmativas. A medida já está valendo para novos candidatos desde a aprovação em votação.


A proposta, encaminhada pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPPG), foi relatada de forma conjunta pelo Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, professor José Luis Luque, e pela Pró-reitora Adjunta de Assuntos Estudantis, a professora Joyce Alves. De acordo com a deliberação do conselho, no mínimo 40% do total de vagas oferecidas em cada curso será destinado ao sistema de cotas, sendo 20% para pessoas negras e indígenas, 5% para quilombolas, 5% para pessoas com deficiência e 5% para pessoas travestis e transexuais.


Alunos estiveram presente na reunião que marcou a aprovação do projeto de cotas - Foto: Reprodução

O Coletivo Madame, que é atuante na universidade em defesa da permanência de pessoas trans no espaço acadêmico, tem esse nome em homenagem ao apelido da estudante Natasha Ferrari, ex-aluna de Agronomia da UFRRJ, que faleceu em 2021 em decorrência de complicações da Covid-19.


Lotus, aluno de medicina veterinária da UFRRJ e integrante do Coletivo, explicou que as ações tomadas pela Pró-reitoria de Assuntos da universidade possibilitaram a aprovação do projeto. “Isso é só o começo. Estamos lutando para conseguir ampliar essa política de afirmação e de permanência também nos cursos de graduação, que é o nosso próximo passo. Quanto mais gente trans na universidade, mais a gente consegue trazer diversidade para o nosso meio.”


A Pró-reitora Adjunta de Assuntos Estudantis da UFRRJ, professora Joyce Alves, explicou que a discussão agora é voltada para a graduação. “Já que na pós-graduação essa ação afirmativa foi ampliada, agora estamos pensando em ir para a graduação. Já estamos nos movimentando e fazendo um estudo com levantamento deste público (trans) que há atualmente na graduação para, em seguida, elaborarmos uma minuta para ser aprovada na Pró-reitoria de Graduação”.


A aprovação do sistema de cotas para pessoas trans não é uma ação isolada. No mês do orgulho, o coletivo organizou a primeira parada LGBTQIAPN+ na Rural e no município de Seropédica. Lotus explicou como a ação foi importante para engajar a reitoria da universidade em relação ao projeto de cotas.

“A ação foi importante para que estas questões tenham visibilidade. Para que as pessoas vejam que é importante a nossa presença e a nossa permanência aqui na universidade e no mercado de trabalho. Isso tudo culminou para que (as ações afirmativas para pessoas trans) fossem aprovadas”.


Já a professora Joyce Alves reforçou a importância histórica da ação, e afirmou que há a noção de que o “gargalo” não está na pós-graduação, embora este seja um primeiro movimento rumo à graduação e à educação básica, apontadas pela pró-reitora como o principal ponto focal do problema.


“A aprovação é histórica, porque abre a possibilidade de pessoas e grupos que são historicamente marginalizados, alijados de bens culturais e da educação, e que essas pessoas tenham a possibilidade de estudar, de ter acesso aos cursos de pós-graduação”.


Dani Balbi (PCdoB), a primeira mulher trans eleita na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, também esteve presente na reunião de aprovação do projeto. A deputada possui um projeto de lei similar às cotas para os PPGs, mas que prevê a reserva de 3% das vagas disponíveis na graduação das universidades estaduais para essa população.


Para Lotus, expandir o projeto é necessário para que a ocupação dos espaços universitários seja algo comum para pessoas trans.“Isso se torna exemplo para outras universidades também. Agora que a gente tem isso, vamos para a graduação, e que seja cada vez mais normalizado: ver pessoas trans no campus, como servidores, como professores. O incômodo não pode ser só de pessoas trans, e sim de todos”.


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