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Governo aposta em empresa estatal para diminuir custo de eletrônicos

Reativação da Ceitec busca fortalecer indústria nacional e reduzir dependência de importações 


Repórter: Rebeca Passos

Editor: Gabriel Amaro


Sede da Ceitec em Porto Alegre - Foto: Alina Souza/Correio do Povo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou um decreto que determina a volta do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A (Ceitec) no início deste mês. A empresa pública é uma das poucas na América Latina que desenvolve e produz semicondutores, fundamentais na fabricação de chips. Especialistas preveem que a presença da Ceitec pode levar à redução dos preços de aparelhos eletrônicos.


A fabricação local de semicondutores, componente crítico na produção de diversos dispositivos, pode oferecer preços mais acessíveis ao consumidor brasileiro e fortalecer a indústria nacional. Semicondutores são fundamentais não só para smartphones e computadores, mas também para a produção de automóveis e máquinas agrícolas. A falta de uma oferta robusta desse insumo aumenta a dependência de importações, elevando os custos de produção. 


Atualmente, Taiwan é um dos principais fornecedores globais de semicondutores e enfrenta instabilidades políticas com a China. Marcos Fávaro, professor de Relações Internacionais da Universidade Paulista (Unip), alerta que um conflito armado entre esses países poderia afetar a oferta global de semicondutores. Por isso, a autossuficiência do Brasil neste setor é crucial.


Marcos também fala que a existência de empresas estatais são fundamentais para o avanço do país — elas assumem riscos que empresas privadas geralmente não têm condições de enfrentar e fundam novos mercados, abrindo portas para futuras indústrias de capital privado. A Ceitec, por exemplo, é essencial para diversas cadeias produtivas.


Vítor de Pieri, professor do Instituto de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), vê a reativação da Ceitec como um passo positivo para o desenvolvimento de vários setores industriais. Para ele, sem esse componente, a indústria nacional perde competitividade e fica dependente de empresas externas, o que prejudica o pleno desenvolvimento do setor produtivo do país. A médio prazo, segundo o professor, o aumento do consumo de produtos com semicondutores pode impulsionar setores industriais estratégicos para o Brasil e, indiretamente, gerar empregos de alta qualificação. 


Busca por soluções que colaborem para reduzir a dependência de importação de chips existe há mais de uma década no Brasil - Foto: Getty Images

O processo de reversão da privatização da Ceitec abre novas perspectivas para o desenvolvimento da indústria de microeletrônica no Brasil. Em depoimento, Luciana Santos, responsável pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), diz que é inconcebível que a “nata da inovação do mundo” seja desmontada e que a Ceitec desempenhará um papel estratégico na reconquista da soberania tecnológica nacional. 


Em agosto deste ano, o governo Lula criou um grupo de trabalho coordenado pelo MCTI para o processo de atualização da política nacional de semicondutores e um estímulo à indústria do setor. O objetivo é discutir políticas públicas para atrair investimentos estrangeiros e superar a falta de infraestrutura local.


Outro recurso utilizado na iniciativa é a prorrogação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) até 31 de dezembro de 2026. O Padis busca estimular a implantação e a manutenção de atividades que ampliem o mercado nacional.


O que são semicondutores?


São pequenos dispositivos desenvolvidos no segundo pós-guerra para a indústria eletrônica e mecatrônica. Os dispositivos podem conduzir eletricidade ou servir de isolante elétrico. Os semicondutores foram um dos elementos que tornaram possível a Terceira Revolução Industrial, marcada pelo desenvolvimento superlativo e difusão dos microcomputadores e das telecomunicações.


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