Após primeiro turno histórico e cinco comandantes na temporada, clube luta para manter o ritmo
Repórter: Tiago Mendes
Editor: Gabriel Amaro
O Botafogo fez o melhor primeiro turno da história do Campeonato Brasileiro, com 15 vitórias em 19 jogos. O clube acumulou 47 pontos e manteve uma invencibilidade de 18 partidas. O desempenho expressivo colocou o Botafogo 13 pontos à frente do segundo colocado. No entanto, o segundo turno revelou um cenário diferente: o time conquistou apenas 13 dos 42 pontos disputados, uma situação que levou a críticas dos torcedores sobre a constante mudança de técnicos.
Luís Castro, treinador português, comandou o Botafogo desde a temporada anterior, quando levou o time à 11ª posição. Apesar de um início conturbado no Campeonato Carioca, Castro liderou a equipe com sucesso no Brasileirão, antes de aceitar uma oferta para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita, time de Cristiano Ronaldo. Sua saída ocorreu quando o Botafogo estava no auge da competição.
Cláudio Caçapa, franco-brasileiro e ídolo do Lyon, foi nomeado técnico interino após Castro. Caçapa, que já era assistente técnico e figura de confiança do proprietário do Lyon e do Botafogo, John Textor, manteve o bom desempenho, conquistando vitórias em todos os quatro jogos em que dirigiu o time.
O sucessor de Caçapa foi o português Bruno Lage, cujo estilo de jogo não se alinhou bem com as expectativas do time, como observado por Fernando Melo, estudante de Jornalismo e torcedor do Botafogo: “O Lage tentou implementar o estilo de jogo dele e claramente não deu certo. Ele chegou a deixar o Tiquinho, o artilheiro absoluto, no banco e o elenco não gostou disso."
Bruno venceu apenas cinco de 16 jogos e o estopim para sua demissão foi o empate contra o Goiás, quando o técnico decidiu deixar Tiquinho Soares, maior artilheiro do Botafogo na temporada e referência da boa campanha do time, no banco. O elenco estava insatisfeito e os jogadores curtiram o anúncio do desligamento do português nas redes sociais.
Com a saída de Bruno Lage, quem assumiu como técnico interino foi Lúcio Flávio, ex-jogador do clube. Os jogadores pediram o comandante pela identificação com o time, mas sua chegada não foi suficiente para conter a má fase. “O Botafogo até continuou com boa pegada ofensiva, fazendo gols, mas o Lúcio Flávio estragou a defesa. Agora o time não tem mais força mental”, afirma Fernando.
O Botafogo foi protagonista de duas viradas históricas com Lúcio Flávio como técnico: abriu 3 a 0 contra o Palmeiras e perdeu por 3 a 4, e abriu 3 a 1 contra o Grêmio e levou a virada pelo mesmo resultado. Além disso, conseguiu virar um jogo contra o RB Bragantino, mas sofreu o empate no último minuto. Com os resultados ruins contra oponentes diretos, a situação ficou insustentável e Lúcio Flávio foi demitido do clube.
A esperança dos torcedores
O Botafogo, que liderou o campeonato desde a terceira rodada, agora se encontra atrás do Palmeiras na tabela. Apesar da fase difícil, ainda há possibilidades de título. O time tem cinco jogos restantes, um a mais que o Palmeiras, permitindo que dependa apenas de seu próprio desempenho para alcançar o campeonato.
Perguntado se ainda há esperanças, Lucas Fernandes, estudante de engenharia de comunicação e torcedor do Botafogo, admite preocupação, mas ainda confia na retomada do Fogão: “Por mais que a gente esteja indo mal nesse segundo turno inteiro, ainda acredito que conseguiremos ir bem nessa reta final. Nos próximos jogos, a maioria são contra times na luta contra o rebaixamento. A tarefa é mais fácil do que contra oponentes diretos.” Fernando também se diz esperançoso: “Ainda estamos em segundo e com um jogo a menos. A esperança é a última que morre.”
Para a continuidade do campeonato, o treinador Tiago Nunes, que estava no Sporting Cristal, do Peru, foi contratado. O técnico terminou em 4º no campeonato peruano e era um desejo antigo de John Textor. Fernando espera que o novo comandante ao menos arrume os problemas defensivos que o time sofreu com Lúcio Flávio: “Eu espero no mínimo organização defensiva. Aquelas viradas esgotaram demais o torcedor porque eram erros bobos na defesa e que deixam qualquer um com raiva.”
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