Uso inadequado de hormônios traz riscos de doenças graves e morte precoce
Repórter: Rafael Lopes
Editor: Gabriel Amaro
Aumento de músculos, diminuição da fadiga e pico de confiança são alguns dos benefícios oferecidos pelos esteróides androgênicos anabolizantes (EAA). Quem lê, num primeiro momento, acredita em uma possível melhora na qualidade de vida; porém, a realidade é outra. O uso não supervisionado de anabolizantes, cada vez mais populares entre frequentadores de academias, representa um grande perigo para a saúde pública.
Uma pesquisa divulgada pelo Departamento de Pós-Graduação da FG Faculdade Global (POSFG) mostra um cenário preocupante: o número de usuários de substâncias anabolizantes cresceu 75% nas academias brasileiras em 2018. A promessa pelo corpo perfeito é acompanhada de efeitos colaterais prejudiciais ao corpo humano.
Especializada em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a doutora Mariana de Almeida detalha os perigos do uso de anabolizantes: “Os riscos vão de queixas mais simples, como aumento de acne e da queda de cabelo, até as mais graves, como tumores no fígado e aumento da pressão arterial.” Ela completa dizendo que, ao avaliar os prós e contras, a balança acaba pendendo para os malefícios causados pelo excesso de hormônios no organismo.
A longo prazo, as consequências do uso indiscriminado de anabolizantes podem levar à morte precoce. Segundo pesquisa do Research, Society and Development Journal, o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares é quatro vezes maior em pessoas que fazem uso de anabolizantes. Isto acontece porque o coração é um músculo afetado pela hipertrofia, mas sua irrigação sanguínea não acompanha o crescimento proporcional. O quadro culmina em uma circulação de sangue inadequada, que causa déficit de oxigênio no organismo.
O exemplo recente mais emblemático é a morte de Joe Lindner, influenciador fitness e fisiculturista alemão, aos 30 anos de idade. A causa da morte foi um aneurisma. Joe, ou Joesthetic, como era conhecido na internet, nunca escondeu que fazia uso de esteróides anabolizantes, cujo efeito pode enfraquecer os vasos sanguíneos, aumentando o risco de rompimento.
As injeções ainda geram outro risco associado: a contaminação pelo vírus HIV e da hepatite, causado pela utilização de agulhas compartilhadas. A aquisição ilegal dessas substâncias também levanta questões sobre a segurança na aplicação, incluindo a esterilização do material.
Anabolizantes como a Trembolona são recomendados para a hipertrofia muscular, isto é, o crescimento dos músculos devido à rotina de musculação. Para isso, os hormônios são injetados no corpo de homens e mulheres a fim de potencializar a estrutura e definição corporal. Entretanto, seu uso pode resultar em efeitos indesejados, como ginecomastia, o aparecimento de mamas, em homens e alterações na voz e diminuição dos seios em mulheres.
A pressão social pelo corpo ideal que atinge homens e mulheres é um fator significativo no aumento do uso de anabolizantes. Fernando Azevedo se apaixonou por atividades físicas na adolescência e acredita que o uso das substâncias não combina com a essência da prática de exercícios. “Entendo quem queira se enxergar numa evolução corporal rápida e definitiva, mas sou contra o uso de anabolizantes. Musculação é saúde. Os riscos do uso de hormônios não superam os benefícios da atividade física saudável”, diz Fernando.
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