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  • Estefani Andrade

Transtornos alimentares afetam mais de 70 milhões de pessoas no mundo

Psicóloga especialista alerta contra busca pelo corpo perfeito


Repórter: Estefani Andrade

Editor: Gabriel Amaro



A psicóloga Letícia Monteiro explica que vômitos induzidos, abuso de laxantes, jejum ou exercícios físicos em excesso, são sinais do transtorno alimentar - Foto: Freepik.com

Os transtornos alimentares prejudicam a saúde física e mental de mais de 70 milhões de pessoas no mundo, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Essa disfunção, frequentemente associada à busca obsessiva pelo corpo considerado perfeito, pode levar a problemas graves de saúde, desde anorexia e bulimia a compulsão alimentar. O dano atinge tanto a saúde física quanto mental de quem é afetado pelo distúrbio.


A questão se intensifica com a média de idade e gênero das pessoas afetadas pelo problema. Um estudo de 2022 da JAMA Pediatrics mostra que um terço das mulheres entre 6 e 18 anos apresenta algum tipo de transtorno alimentar. O número é maior que a média geral, de um a cada cinco jovens.


A pesquisa também revela que a juventude está cada vez mais propensa a desenvolver esses distúrbios. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 4,7% da população brasileira — aproximadamente dez milhões de pessoas — lidam com os transtornos. O índice chega a 10% entre adolescentes.


Letícia Monteiro, psicóloga especialista no assunto, explica que os transtornos alimentares são caracterizados por hábitos alimentares irregulares, sofrimento grave e preocupação com a forma ou peso do corpo. São encontrados em três grupos mais comuns: anorexia, bulimia e transtornos da compulsão alimentar periódica.


Ela recomenda atenção aos riscos e pressões das redes sociais para não seguir padrões irrealistas de corpos. Monteiro sugere ter cautela com sugestões da internet sobre hábitos alimentares saudáveis e dietas para emagrecimento, principalmente por serem conteúdos acessíveis. Segundo ela, o acompanhamento com médicos, psicólogos e outros especialistas é fundamental para receber orientações seguras e adequadas à realidade, rotina e condição de cada pessoa.


A psicóloga afirma que o transtorno não tem causa determinada. Porém, acredita que seja resultado da combinação de questões biológicas e psicológicas: “Podem ser funções genéticas, questões hormonais desreguladas, deficiências nutricionais, baixa autoestima, carreiras que exibem e promovem magreza e perda de peso, por exemplo”. Além disso, a especialista ressalta que os sintomas nem sempre são óbvios. “Evitação, constrangimento ao se alimentar e maneiras de burlar a saciedade de outras formas também são sinais a serem levados em consideração.”


Da insegurança à busca por tratamento


A pessoa que sofre com o transtorno alimentar desenvolve o medo intenso de ganhar peso ou engordar e apresenta um distúrbio na própria percepção de sua forma corporal - Foto: Freepik.com

A estudante Maria Isa, de 23 anos, disse que sempre foi insegura com seu corpo. Ela encarava os sintomas do transtorno com naturalidade e só recebeu o diagnóstico na vida adulta. “De vez em quando eu forçava vômito por culpa, mas para mim isso era normal. Algo que fazia por achar o meu corpo feio, eu nunca imaginei que aquilo era um dos sintomas de transtorno alimentar,” contou a jovem.


O problema é tratável, apesar de ser debilitante, e Monteiro reforça a necessidade de procurar por profissionais que indiquem o tratamento adequado: “Hoje existe uma rede de suporte na saúde pública com médicos e psicólogos presentes para acompanhar casos de transtorno alimentar”.


De acordo com a especialista, a alimentação desordenada causa a desnutrição, que afeta todas as funções corporais, incluindo o cérebro, bem como os sistemas cardiovascular, endócrino e gastrointestinal. Dessa forma, o transtorno pode impactar a saúde mental e física de quem sofre com ele. “É difícil para o cérebro funcionar quando não recebe nutrição adequada e consistente. Isso leva à dificuldade de concentração, de dormir, tonturas ou desmaios”, diz a psicóloga.


Maria Isa, que iniciou o tratamento no começo deste ano, afirmou que percebeu melhorias em seu bem-estar físico e mental e destacou o papel da família em sua recuperação. "O tratamento com uma psicóloga foi um processo muito necessário para mim. O que me deu força e coragem para ir atrás de ajuda médica foi minha família. Depois de muito esforço, consegui sair dessa situação".


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