Estado do Rio de Janeiro apresenta baixa no número de doadores em relação aos últimos anos
Repórter: Estefani Andrade
Edição: Eduardo Dias
A procura por um doador de medula óssea compatível pode ser uma tarefa difícil. De acordo com o Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação da Uerj (HLA-Uerj), o paciente que precisa do transplante tem, em média, uma em cem mil chances de encontrar uma medula compatível. E a possibilidade de encontrar um doador na própria família é de apenas 25%. Atualmente, há 650 pessoas na fila aguardando por um transplante.
A doação de medula óssea é fundamental pois proporciona uma segunda chance aos pacientes que enfrentam doenças graves que afetam o sangue, como a leucemia, anemias e linfomas. É pelo transplante que esses pacientes têm a esperança de cura e de levar uma vida saudável.
Segundo dados do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), foram registrados, em todo o Brasil, pouco mais de 70 mil novos doadores em 2023. O estado do Rio de Janeiro, entretanto, vai na contramão do país. Nesse ano, foram cadastrados pouco mais de 2.600 doadores, número menor que os quase 15 mil incluídos no banco de dados em 2021.
Por isso, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recebeu no campus Maracanã, durante o mês de setembro, uma campanha de doação de medula óssea realizada pelo HLA-Uerj. O objetivo da iniciativa foi aumentar o número de doadores no banco de dados do REDOME.
O processo de doação
Apesar de seu receio por agulha e sangue, Robson da Conceição, de 22 anos, se registrou para ser um doador voluntário. "No início do ano eu já tinha feito uma doação e agora eu tô aqui de novo. Eu super motivo as pessoas a estarem doando porque isso pode salvar muitas vidas ".
Para se cadastrar e se tornar um possível doador, é necessário ter entre 18 e 35 anos de idade, apresentar um documento oficial com foto e preencher um formulário com dados pessoais no Hemocentro mais próximo. Paulo Vilas Boas, biomédico do HLA da Policlínica Piquet Carneiro, explica que uma amostra de sangue é coletada para testes laboratoriais, que verificam se a pessoa está apta para ser um doador. É realizado um exame de tipagem histocompatibilidade (HLA) para identificar as características genéticas que podem influenciar no transplante.
"O resultado desse exame é cadastrado no banco de dados do REDOME. A gente faz toda essa etapa, e quando é cadastrado começa a rodar no banco de dados uma compatibilidade com os doadores e receptores", disse o biomédico.
Há dois tipos de transplante de medula óssea: o autólogo e o alogênico. No tipo autólogo, as células da medula óssea vêm do próprio paciente transplantado. Segundo o REDOME, esse tipo de transplante é realizado quando a doença não tem origem diretamente na medula ou quando não é mais detectada na medula óssea do paciente. Já no alogênico, as células vêm de uma outra pessoa, podendo ser um doador aparentado, que no caso é alguém da própria família, ou um doador não aparentado.
Juliana Cardoso, de 18 anos, fala que sua maior motivação para se tornar uma doadora foi a possibilidade de salvar vidas: "Eu quero ajudar os outros. Se eu estivesse na posição que precisasse da doação, ficaria chateada de alguém que fosse compatível comigo e não fosse doar porque não quer".
Vilas Boas faz um apelo para que as pessoas se voluntariem para doação: "Nós precisamos de doadores, quanto mais a gente conseguir aumentar o nosso banco de dados, mais chances essas pessoas vão ter". Para saber onde fica o Hemocentro mais próximo, acesse o site do REDOME.
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