Assim como a NBA, o Novo Basquete Brasil não é mais uma liga oficial da Federação Internacional de Basquete.
Repórter: Diego Figueiredo
Editor: Eduardo Dias
A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciou, em junho deste ano, o fim da chancela concedida à Liga Nacional de Basquete (LNB). A medida pode impedir que times brasileiros disputem competições internacionais, como a Champions League das Américas e a Copa Intercontinental. Organizadora do Novo Basquete Brasil, a principal competição da modalidade no país, a LNB teve seu torneio descredibilizado como uma competição nacional oficial e classificatória para competições internacionais.
A liga está numa situação semelhante, em suas proporções, à da NBA, associação de basquete dos Estados Unidos. Apesar de ser reconhecida pela Federação Internacional de Basquete (FIBA) como a entidade máxima do basquete no país norte-americano, a NBA é uma liga independente e, por isso, não administra a modalidade a nível internacional. Para resolver o impasse, foi criada, em 1974, a “USA Basketball”, federação de basquete responsável por gerir as competições de seleções que os Estados Unidos tinham o direito de participar.
Porém, até 1989, as equipes e os jogadores que atuavam na NBA não podiam disputar nenhum torneio intercontinental ou mundial, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo de basquete. Dentro da LNB, alguns dirigentes acreditam que este é o caminho que o NBB vai seguir.
Eneas Lima, jornalista e criador do Garrafão Rubro Negro, acredita que o Novo Basquete Brasil ainda está longe de se equiparar à liga americana. “Acho que temos que separar bem o modelo das duas Ligas. A NBA já é uma competição consolidada e com várias décadas de existência, com teto de gastos entre as franquias e um trabalho de marketing para fidelizar o seu torcedor muito bem estruturado. O NBB não consegue se estruturar a esse nível, hoje. O grande problema estão nos poucos projetos sólidos que a liga tem para conseguir organizar um campeonato com uma mentalidade a longo prazo.”
Lima afirma que a relação conturbada entre a CBB e a LNB prejudica o basquete brasileiro. “A retirada da chancela pode ser simbólica, mas quem acompanha os bastidores sabe que a falta de diálogo entre as partes e a vaidade dos dirigentes gera um desgaste em vários momentos. Querer rivalizar e dizer que o seu torneio é maior e melhor que o outro parece uma disputa que ninguém vai vencer. O calendário anual poderia ter duas competições nacionais junto do Estadual de SP, mas é difícil convencer um dirigente mais antigo de que isso é possível.”
É possível implementar o sistema das franquias no basquete brasileiro?
A NBA tem um produto muito bem estruturado a partir do sistema de franquias, no qual as equipes que participam do torneio são “empresas” que se submetem a um estatuto (que estabelece regras como teto de salário, código de uniforme, entre outras). Para integrarem a liga, elas compram uma vaga e adquirem o direito de receber uma parcela do faturamento geral, que preza pelo equilíbrio e pelo crescimento de todas as franquias, como a divisão igualitária das cotas de TV e das receitas de patrocínios da liga.
Alice Neves, 26 anos e torcedora do Franca Basquete, acredita que este é o caminho correto para o progresso de uma liga brasileira de basquete. “Só o sistema de franquias para valorizar o NBB e popularizar o basquete no Brasil.”
Eneas Lima, por outro lado, discorda que as franquias assegurem que o torneio continue progredindo. “O sistema de franquias é válido quando você tem a organização e a participação efetiva dos clubes em decisões que colaboram com a manutenção do campeonato. Isso é um fato. Mas é justamente esta desorganização dos clubes para com o campeonato que faz ser inviável a implementação do sistema hoje. É preciso um processo longo de estabilidade dos projetos de equipes de basquete no Brasil para pensarmos em fechar a competição com franquias e pensar no crescimento a longo prazo.”
O Novo Basquete Brasil foi criado pela LNB em 2009, período no qual o basquete brasileiro estava em declínio e sem nenhuma estrutura. A CBB não tinha condições financeiras de criar e manter uma competição a nível nacional, por isso decidiu autorizar a nova competição como o torneio oficial a partir do qual os representantes brasileiros iriam disputar as vagas dos torneios internacionais. Com o rompimento entre as partes, a Confederação planeja criar o seu próprio torneio e oficializar como o único campeonato nacional e classificatório do país.
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