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Ana Beatriz Dias

Telemedicina permite tratamento acessível e melhor qualidade de vida

Pandemia do Coronavírus acelerou busca e investimento no atendimento à distância


Repórter: Ana Beatriz Dias

Editor: Miguel de Paula


O avanço da telemedicina no Brasil reflete uma nova realidade: de acordo com a pesquisa da Sinch, empresa sueca de comunicação, 43% dos brasileiros utilizaram consultas online no ano de 2022 — o maior percentual registrado no país. O movimento não é apenas uma resposta à crise sanitária global da Covid-19, mas um passo em direção a um sistema de saúde mais adaptável às necessidades da população cada vez mais conectada.


Em 2022, a telemedicina foi regularizada no Brasil por meio da Lei 14.510 - Foto: Fabio H. Mendes

Devido à alta demanda por consultas online durante os anos de 2020 e 2021, a Lei 14.510/2022 regularizou a prática da modalidade em todo o país. Entre suas vantagens, estão: a prevenção de vírus, a economia financeira — uma vez que não há deslocamento — e o acompanhamento contínuo. Desde marcações de consultas pessoais até diagnósticos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), a telessaúde tem sido um grande complemento tanto para as redes privadas, quanto para as públicas.


Segundo Eduardo Jorge, neuropediatra do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), o avanço da telemedicina possibilita um melhor atendimento para aqueles que moram em municípios mais distantes dos grandes centros urbanos.


“Para a medicina, é um grande passo. Quem é atendido online não precisa mais se locomover, nem perder horas indo e voltando do hospital. É possível fazer o exame em determinado lugar e encaminhar para outro centro mais desenvolvido. Nos locais com melhores técnicas, o paciente pode supervisionar médicos e clínicos gerais, tudo com consulta de especialidade,” explica. Em relação às pessoas que precisam de observação, o doutor considera que é necessário uma primeira consulta presencial, mas é possível continuar normalmente com o tratamento à distância.


Ele detalha que o maior benefício do teleatendimento é a diminuição do deslocamento entre o profissional e o paciente. O neuropediatra afirma que atende famílias com poucas condições e que, se não fosse por meio do online, seria impossível que se consultassem com bons especialistas. Elas conseguem ter acesso a uma melhor qualidade de vida através da modalidade.


Entretanto, Jorge destaca que a telemedicina possui limitações. “O grande obstáculo é que existem pessoas que precisam ser examinadas presencialmente (devido aos diagnósticos). No meu caso em específico, consigo atender meus pacientes normalmente. Porém, existem situações mais complicadas, porque têm pessoas que dependem do atendimento presencial. Na maioria das circunstâncias ela supre as demandas, mas de forma alguma substitui o contato direto para eles,” conclui.


O teleatendimento permite monitoramento de pacientes, troca de informações médicas e análises de diferentes exames - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Oportunidade proporcionada pela telemedicina


“Graças a consulta online consegui descobrir o que meu filho tinha, depois de tantos anos e gastos,” diz Patrícia Silva, mãe de Matheus, de 17 anos, que recentemente descobriu que precisava fazer uma cirurgia de frenectomia para corrigir sua língua presa. Ela percebeu que o filho tinha dificuldade na fala desde os três anos; aos quatro, passou a levá-lo em diversas fonoaudiólogas da cidade do Rio de Janeiro, em clínicas públicas e privadas. Porém, a mãe relembra que todas as profissionais deram diagnósticos de gagueira, ainda que ele nunca tenha sido gago.


Em setembro de 2022, Silva foi atrás de mais uma tentativa, dessa vez por meio do teleatendimento. Na primeira consulta veio a única resposta diferente, que por sinal, ela nunca tinha ouvido: “Não é gagueira, inclusive, não existe cura para quem é gago, mas sim tratamento. O dele vai ser um procedimento bem mais tranquilo. Para quem tem língua presa, basta cortar o frênulo e continuar com as sessões,” disse a fonoaudióloga de Ribeirão Preto/SP.


A mãe pontua que ficou surpresa com a resposta da profissional, visto que aquela tinha sido a única vez que ela viu seu filho. “Lembro que me surpreendi positivamente, porque através do celular ela conseguiu perceber o que outras não observaram pessoalmente,” conta Patrícia. Além disso, ela ressalta que a telemedicina proporcionou ao seu filho uma oportunidade que ele não teria: “A fonoaudióloga dele é formada pela USP (Universidade de São Paulo), melhor universidade do país. Ela cobra R$ 140, já paguei muito mais que isso e ninguém resolveu o que ele tinha”.


Três meses depois, em dezembro do ano passado, o jovem fez a cirurgia de frenectomia com uma dentista de seu próprio bairro e participa de sessões com a fonoaudióloga de 20 em 20 dias. “O procedimento foi um sucesso. Meu filho ainda não recebeu alta, mas já melhorou demais. Por causa da língua presa, ele tinha vergonha de falar com as pessoas. Depois da cirurgia o Matheus está mais confiante, deu tudo certo!”, diz Patrícia.


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