Retornos de bandas é tendência no cenário musical e despertam nostalgia de milhares de fãs no país
Repórter: Leonardo Siqueira
Editor: Miguel de Paula
Sucesso nos anos 2000, Rebelde voltou ao Brasil após 15 anos separados e com ingressos esgotados para todos os oito shows da turnê “Soy Rebelde” no país. O retorno da banda não chama atenção apenas pelos ingressos vendidos, mas também pelo sentimento que desperta nos fãs: “Foi uma sensação indescritível. Voltei ao meu tempo de infância”, conta Maria Eduarda Barros, estudante de Relações Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Esse reencontro com o passado, no entanto, não é algo exclusivo do grupo RBD, visto que outras bandas e artistas também apostam na retomada de sucessos de anos atrás.
O Restart, por exemplo, retornou aos palcos em outubro para uma turnê de despedida após oito anos de hiato. Já do pagode, o Soweto, sucesso na década de 90, anunciou sua volta com o cantor Belo para a comemoração de 30 anos do grupo em 2024. Há casos também como o do Sorriso Maroto, que não pararam com seus shows, mas apostaram em uma turnê apenas com músicas antigas do grupo. Diante disso, a Doutora em psicologia pela Uerj, Laura Quadros, comenta: “São bandas e músicas que compõem o imaginário de uma época. O que traz uma sensação de pertencimento.”
Ligação com o passado
Dentre tantos retornos de artistas, o de Rebelde é o que chama mais atenção. Apesar do primeiro dos oito shows no Brasil ter sido realizado no último dia 10 de novembro, todos os ingressos para as apresentações no país estavam esgotados desde março deste ano.
Para Maria Eduarda Barros, a turnê do RBD foi a chance de ver pessoalmente a banda que marcou a sua infância: “A sensação de rever uma banda que estava parada há tanto tempo foi um sonho que eu não esperava realizar. Foi incrível.” Ela ainda conta que não costuma se emocionar em shows, mas que dessa vez foi diferente, especialmente porque as músicas da banda a fizeram resgatar diversas memórias e momentos de sua infância, quando assistia a novela do RBD pela televisão.
Já Andressa Duarte, estudante de Física no Instituto Federal da Bahia (IFBA), é fã do Restart e não parou de ouvir as músicas da banda mesmo após o término. A chance de agora poder finalmente reencontrar com o grupo, para ela, é um sonho: “Acompanhar esse momento, ouvir várias músicas que marcaram a minha adolescência é incrível. É a banda que eu mais amei e que continuei ouvindo até hoje, com 22 anos.”
Neste contexto, a psicóloga Laura Quadros declara que a conexão com o passado através da música é capaz de trazer boas recordações e a sensação de pertencimento com determinado momento. Para ela, essa nostalgia remete às boas lembranças de um certo tempo, que podem ser alcançadas por determinada banda, música ou até mesmo formas de se vestir: “Traz a ideia de recordar coisas boas e a sensação de pertencimento, de que ‘aquilo ali foi da minha época’.”
O Sorriso Maroto, por sua vez, despertou emoções de um jeito diferente. O grupo de pagode não parou com seus shows ao longo da carreira, mas agora investe na turnê ‘Sorriso Maroto: As Antigas” que atrai milhares de pessoas ao redor do Brasil. Uma delas foi Maria Eduarda Santos, aluna de Direito na Universidade Federal Fluminense. Ela relata que conhece as músicas antigas do grupo desde criança por influência da família.
Maria Eduarda Santos afirma ainda que há canções que salvam o dia, e algumas do Sorriso Maroto são assim para ela. Para Laura Quadros, a música tem um componente extremamente terapêutico, um sentido reparador e uma dimensão social e afetiva.
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