Equipe americana cai de rendimento quando participa de competições da FIBA
Repórter: Diego Figueiredo
Editor: Sabrina Jacob
Com a eliminação para a Alemanha no último mundial de 2023, realizado na Indonésia, os americanos mantêm um jejum de nove anos sem conquistar uma vaga na final da Copa do Mundo de Basquete. Apesar de serem sempre os favoritos, os jogadores estadunidenses não têm conseguido se sobressair em competições de seleções mundiais por causa das diferenças de regras entre o basquete praticado na NBA e o que é jogado no restante do mundo coordenado pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA).
Apesar de terem conquistado a medalha de ouro nas últimas duas olimpíadas, os Estados Unidos não são mais tão dominantes no cenário do basquete mundial já que acumulam duas eliminações nas últimas Copas do Mundo. Em palco FIBA, a seleção americana não é tão eficiente como se espera, dada a quantidade de expectativa que se tem nos principais talentos do mundo.
Existem alguns motivos que podem explicar por que a melhor seleção do mundo tem um desempenho inferior quando joga sob as regras da FIBA: a duração da partida, a tática, o ritmo de jogo e a quantidade de faltas.
Duração da partida
Os inventores do esporte jogam quatro tempos de doze minutos por noite, totalizando 48 minutos. Nos torneios internacionais da FIBA são apenas 40 minutos de jogo divididos em quatro períodos de dez minutos. A diferença de oito minutos de partida entre as competições já explica o porquê da pontuação ser reduzida.
Daniel Figueiredo, fã casual de basquete, estranha ver jogos com pontuações abaixo do padrão da NBA. “Lá os jogos dificilmente não passam dos 100 pontos. Quando fui assistir o mundial, vi que quase nenhum jogo chegou a ter uma seleção com 3 dígitos de pontuação e achei o nível muito ruim.”
Por comparação, os Estados Unidos tiveram em média 104.5 pontos por jogo, durante 8 partidas, e foram premiados com o melhor ataque de toda a última edição da Copa do Mundo. Segundo a ESPN, o pior ataque da NBA, na temporada regular de 22/23, Miami Heat entrou em quadra 82 vezes e tem em média 109.5 pontos. Cinco a mais que a seleção americana que, em tese, reúne os melhores jogadores que tenham cidadania estadunidense e queiram representar o seu país.
Dessa forma, mesmo num recorte curto de 8 jogos, a seleção americana em média marca 4 pontos a menos que o 30° melhor ataque da competição local.
O ritmo e o jogo tático
Rudy Gobert, pivô do Minnesota Timberwolves da NBA e da seleção França, disse à ESPN que acredita ser mais trabalhoso pontuar nas competições internacionais. “No jogo da FIBA você precisa pensar muito mais. Tem que olhar mais ao seu redor, é difícil você ter uma bola fácil durante a partida.”
Na liga americana, diferente do restante do mundo, é proibido que um jogador permaneça mais de três segundos defendendo o seu garrafão caso não esteja defendendo diretamente o jogador que esteja com a bola. Isso torna difícil que uma equipe monte um planejamento defensivo usando a marcação em zona (onde os defensores marcam áreas dentro da quadra em vez dos jogadores).
Como a maioria dos jogos na NBA a marcação é homem a homem, é comum que durante os 48 minutos aconteçam falhas individuais que gerem pontuações fáceis e rápidas que tornam o jogo mais acelerado.
Com esta regra, as estrelas estadunidenses se encontram com dificuldades para pontuar num garrafão que está sempre congestionado pelos defensores, como nas derrotas para Lituânia, Alemanha e Canadá.
Quantidade de faltas
Damian Lillard, campeão olímpico de 2020 e jogador do Milwaukee Bucks, em entrevista ao Podcast “Inside Buzz” aponta que a quantidade de faltas faz a NBA ser mais fácil de pontuar. “Muitas coisas permitem que a pontuação seja mais simples na NBA. Não há tantas chamadas de faltas nas competições da FIBA e o jogo é bem mais físico. Os melhores cestinhas da liga utilizam do lance livre como meio de pontuação fácil e aqui (Olimpíadas) não tem isso. O Garrafão também fica muito cheio sem as regras dos três segundos e os árbitros não apitam.”
Na NBA, para um jogador ser expulso da quadra, ele precisa cometer seis faltas. E as marcações são bem mais leves, o que faz com que o jogo pare muitas vezes para bater lances livres. Joel Embiid, pivô do Philadelphia 76ers e o cestinha (maior pontuador) da última temporada teve médias de 33.1 pontos por partida e acertou, segundo o StatMuse, 10,0 lances livres por jogo. 30,3% da sua pontuação geral.
Já nas competições internacionais, são permitidas apenas 4 faltas por jogador antes que ele seja expulso. A estratégia de utilizar o jogo dos lances livres como arma de pontuação não é eficiente porque as defesas são bem mais cautelosas e os juízes permitem bem mais a disputa física pela posse da bola.
O Estados Unidos sempre teve dificuldades com as regras diferentes da FIBA, mas sempre sobrou muito talento no país que fundou o esporte. Mesmo sem vencer desde 2014, a seleção americana é a maior campeã da competição com cinco títulos empatados com a extinta Iugoslávia. O próximo compromisso da seleção americana de basquete é as Olimpíadas de 2024 no qual já estão classificados por terem vencido a competição anterior.
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