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Beatriz Serejo

Seac promove projeto de capacitação de jovens empreendedores

Programa Geração Empreende+ seleciona jovens empreendedores para receber linhas de crédito e começar um negócio


Repórter: Beatriz Serejo

Editor: Bernardo Monteiro


Palácio do Governo do Pará - Foto: Agência Pará de Notícias

O programa, realizado pela Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac) em parceria com o Governo do Pará, visa capacitar jovens com os conhecimentos e habilidades necessárias para gerir seus próprios empreendimentos, através da educação financeira, noções administrativas e estratégias de negócios. O projeto oferece uma linha de crédito para jovens de baixa renda que precisam de suporte financeiro para iniciar suas jornadas.


Por meio do Programa CredCidadão, do governo estadual, os jovens cadastrados como Microempreendedores Individuais (MEI) ou formais podem se inscrever para receber o microcrédito, o valor pode chegar a 2 mil reais e será facilitado com um período de carência de até seis meses.


No edital do Projeto Geração Empreende+, os candidatos terão acesso a cursos relacionados ao empreendedorismo, mercado digital, produtização, mercados de bioeconomia e economia criativa. Além disso, os jovens passam por quatro etapas durante a seleção para as linhas de crédito: cursos de formação, elaboração de um projeto de conclusão, avaliação pela comissão e concessão do microcrédito.


O que é uma linha de crédito?


As linhas de crédito são recursos concedidos por instituições, como a Seac, para pessoas físicas ou empresas, na forma de empréstimos ou financiamentos. Elas funcionam como um limite de cartão de crédito disponível na conta corrente, mas possuem taxas de juros menores por se tratarem de linhas para usos específicos. No caso do projeto, será aplicada uma taxa de juros de 1% ao mês com prazo de até 18 meses para pagamento, um valor bem abaixo se comparado a um empréstimo comum.


Os principais tipos de linhas de crédito são: Crédito pessoal, para reforma, construção e compra de imóveis, para veículos, especial e crédito com garantia de imóvel. Os critérios avaliados para ter acesso a essa condição são o histórico financeiro, pontuação de crédito, renda mensal e ativos ou outras garantias.


O economista e consultor financeiro pela UFRJ, Marcos Vinícius Barbosa, afirma que para pequenos e jovens empreendedores as linhas de crédito concedidas pelo estado valem mais a pena do que dívidas em grandes bancos. “ Quando se tem pouco dinheiro para começar um negócio, a primeira coisa a se pensar é nos juros caso haja a necessidade de um empréstimo. Nesse caso do Empreende+, apesar da linha de crédito ser baixa, os juros são mínimos e as parcelas longas, logo, acaba valendo mais a pena do que um empréstimo de 30 mil reais, mas com juros exorbitantes”.


Barbosa explicou que a melhor forma de evitar dívidas no começo de um negócio é priorizar prazos longos de pagamento, de 18 a 24 parcelas, e evitar os juros cumulativos. Ele também frisou que a escolha pela linha de crédito varia do custo inicial, quanto mais dinheiro for necessário para dar o ponto de partida, maior será a necessidade por outros tipos de financiamento. “Sempre vai depender do tipo de custo do seu negócio, geralmente empresas alimentícias como confeitarias tem um custo muito alto pela qualidade necessária, então nestes casos uma linha de 2 mil reais é muito pouco.”


O economista comentou que a linha de crédito concedido pela Secretaria do estado parece ser baixa, mas é essencial para o jovem aprender a administrar suas parcelas, e consequentemente, terá mais responsabilidade administrativa, uma vez que quanto maior a quantia creditada, maior a dívida a ser paga.


Qual a importância do incentivo ao empreendedorismo no país?


O projeto Geração Empreende+ não é a primeira iniciativa do governo paraense em relação ao incentivo ao empreendedorismo. Neste ano, o governo já disponibilizou empréstimos a juros reduzidos de até 10 mil reais para empreendedores paraenses. Esses benefícios são destinados aos cidadãos que trabalham no mercado formal e informal e tem o intuito de desenvolver a economia em todas as regiões do estado.


O fortalecimento do empreendedorismo no país gera mais empregos formais, ajuda a desenvolver novos produtos e tecnologias que agregam valor para o mercado de consumo. No primeiro semestre de 2023, segundo o Sebrae, o Brasil teve um saldo positivo de 868,8 mil pequenos negócios criados. O presidente do Sebrae Brasil, Décio Lima, afirmou que os números indicam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o início da redução da Selic e a melhora do poder de compra das famílias brasileiras, o que influencia diretamente no empreendedorismo. “Os indicadores positivos são animadores para quem sonha em ser dono do seu próprio negócio. Não tenho dúvidas do quanto as micro e pequenas empresas são a base e o fundamento para a retomada do desenvolvimento”.


A mestre em economia pela FGV, formada em Ciências Atuariais, Natália Fagundes, afirmou que o crescimento das empresas locais contribuem significativamente para a economia do país. “Incentivar o empreendedorismo, principalmente entre jovens e dos pequenos negócios, promove o desenvolvimento regional, aumenta a arrecadação fiscal que pode financiar serviços públicos, torna a economia menos dependente de setores tradicionais e pode ser uma alternativa para pessoas que precisam melhorar suas condições financeiras.”


Apenas neste ano, cerca de 93 milhões de brasileiros estão envolvidos com o empreendedorismo, seja ele formal ou informal, de acordo com a Agência Sebrae de Notícias. Entretanto, um levantamento feito pelo Sebrae mostrou que 29% das MEIs fecham as portas antes dos primeiros 5 anos de negócio. O maior obstáculo é a falta de planejamento.


Saara, centro do Rio de Janeiro - Foto: Diário do Rio

A terapeuta ocupacional Erika de Albuquerque contou que quando perdeu seu emprego em 2020, usou uma parte de seu FGTS para começar um e-commerce de maquiagem. “No começo eu não sabia de nada, mas abri uma lojinha no instagram e comecei a revender algumas maquiagens que comprava no centro da cidade”.


Erika teve dificuldades para manter seu negócio aberto durante a pandemia, ela passou meses sem lucrar um centavo com sua loja e usava o próprio dinheiro para continuar empreendendo. “Enquanto o meu negócio afundava eu comecei a fazer alguns cursos na internet relacionados a marketing, gerenciamento de redes e alguns sobre empreendedorismo, para ver se eu conseguia me recuperar daquela crise, meu sonho era ter um espaço físico para vender meus produtos”.


Mas foi em 2022 que a comerciante se reergueu com a ajuda de uma linha de crédito concedida pelo estado. “Eu consegui um crédito de 10 mil que salvou a minha vida, com aquele dinheiro eu fui pagando o aluguel de um espaço no Centro do rio. Com os meses tudo foi dando certo e hoje o negócio está fluindo muito bem, não sei o que eu faria se não tivesse começado a vender maquiagem”.



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