Brasil apresenta bons indicadores, mas ainda se encontra distante da meta global
Repórter: Bruna Silva
Edição: Bernardo Monteiro
O relatório anual, lançado em julho, detalha que é possível acabar com a Aids - Foto: ONU
O UNAIDS, programa da ONU encarregado da luta global contra o vírus HIV, divulgou dados de que a doença pode acabar até 2030. O relatório "O Caminho que põe fim à AIDS" fornece estudos de caso que destacam que países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, a República Unida da Tanzânia e Zimbábue estão obtendo excelentes resultados. Esses países alcançaram as metas "95-95-95", o que significa que 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que possuem a doença estão em tratamento antirretroviral; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida, portanto não são mais capazes de transmitir o vírus. Nesses países, o sucesso da conscientização de pessoas com HIV se deve majoritariamente ao grande investimento do estado em políticas de prevenção e na democratização do acesso ao tratamento e da medicação para o controle da doença. O cenário no Brasil é diferente, já que o país enfrenta dificuldades provocadas pela desigualdade social. Isso impede parte da população, que se encontra em situação de vulnerabilidade, de ter acesso aos tratamentos oferecidos contra o HIV. O país apresenta os índices em 88-83-95, que faz com que a meta de alcançar o cenário ideal ainda esteja um pouco distante.
O estigma da doença e o tratamento no Brasil Descoberto nos anos 80, o vírus da AIDS se tornou uma questão global, que desafiava a ciência em busca de respostas sobre a doença, com tão pouca informação disponível. A partir desse mistério, surge um estigma de que a enfermidade afetava exclusivamente homossexuais, usuários de drogas injetáveis e também alguns outros grupos socialmente reprimidos. Por conta da perpetuação desse preconceito em relação às pessoas infectadas, a entrevistada desta matéria preferiu não se identificar. A sensação de pânico e desespero geral da época, fizeram com que ela decidisse não se envolver com ninguém sexualmente por medo de transmitir o vírus. "Eu demorei muito para aceitar que tinha a doença. Na época, eu sentia vergonha e me julgava por achar que a culpa era minha", contou a mulher. Ela afirma se sentir sortuda, por ter conseguido sobreviver, em uma época na qual a doença era vista como uma sentença de morte para os portadores. Atualmente, com tratamentos adequados, uma pessoa com AIDS pode levar uma vida normal, seguindo todo o acompanhamento médico. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um tratamento eficaz e gratuito para o HIV. A testagem para o vírus é feita de maneira anônima nas clínicas da família e centros municipais de saúde. Caso o diagnóstico seja positivo é iniciado o uso dos medicamentos antirretrovirais que são distribuídos para todas as pessoas que possuem o vírus. Esses remédios ajudam a reduzir a transmissão e a oferecer uma melhor qualidade de vida para os pacientes. Existem também tratamentos de prevenção, são eles PrEP e PEP.
O PrEP é um medicamento indicado para pessoas que não têm o HIV, porém têm o risco de contrair devido ao seu parceiro sexual possuir o vírus. Já o PEP é tomado dentro de 72 horas após a exposição a uma situação de risco, como acidente com objetos perfurantes, violência e relação sexual desprotegida. Ambos os tratamentos são fornecidos de maneira gratuita pelo SUS.
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