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  • Giovanna Garcia

Prédios da antiga Universidade Gama Filho são implodidos

Comerciantes e moradores querem a vida de volta ao bairro de Piedade


Repórter: Giovanna Garcia

Editor: Bernardo Monteiro


Imagem da implosão dos prédios da antiga Universidade Gama filho - Foto: Arquivo Agência Brasil

Após 9 anos de lixo, entulho, abandono, pichações, furtos e ocupações, o espaço que abrigava a Universidade Gama Filho vai se tornar o novo “Parque de Piedade”. Anseio dos moradores e comerciantes, a região começa a rumar a uma nova utilização, após tanto tempo inativo.

 

Implodidos no dia 5 de novembro, os prédios darão lugar a um parque com espaço para feiras e eventos, academia, campo de futebol, pista de skate, e parque aquático com direito a cachoeira artificial. A proposta da Prefeitura do Rio de Janeiro é transformar a área, com cerca de 18 mil metros quadrados, e concluir a obra até o final do ano que vem.


O morador do Bairro de Piedade, Maurício Rizzo, comenta que acha a obra positiva para o bairro. “Creio que com ela será cultivado mais lazer e diversão entre os moradores, principalmente para as crianças. Piedade só tem a ganhar com esse projeto.”


A Universidade Gama Filho fechou em 2014, após o grupo responsável, Galileo Educacional, falir. O grupo responde à justiça por lavagem de dinheiro e gestão temerária. Na época, a universidade foi descredenciada pelo Ministério da Educação por má qualidade de ensino e problemas financeiros. Com isso, os alunos tiveram que ser transferidos para outras universidades para não perderem parte de suas graduações.


Em 2018, os prédios foram saqueados, cadeiras, quadros, portas, janelas, objetos da cantina e até mesmo a estátua de Santos Dumont. Durante muitos anos, o espaço serviu de abrigo para moradores sem-teto e usuários de drogas. A área se tornou um ambiente de insegurança. 


O Carlos Renato dono do comércio “Qualicopy”, que está em frente a faculdade há mais de 25 anos, relata: “Acabou com a faculdade, acabou com o bairro, virou um deserto. Na rua tinha várias lojas, todo mundo que morava aqui abria um comércio uma lojinha qualquer. Agora só sobrou a minha loja e um barzinho. Nosso medo é invadirem as nossas lojas, os moradores de rua e cracudos já invadiram quase todas as lojas, mesmo com o parque. A minha loja fica em frente ao prédio da Engenharia - que fica um pouco mais à frente dos prédios que foram derrubados e  que vai ser o parque - já disseram vai ficar comércio, mas não sei. Desde que começaram a mexer no terreno, nesse prédio antigo da Engenharia, que ficam os moradores de rua agora. São eles que roubam as lojas para pegar cano e outras coisas.” 


O parque é uma proposta de utilização de um espaço inativo, mas a comunidade vê como uma manobra política para os políticos (prefeitos e vereadores) se elegerem. Pelo menos, o movimento vai dar. “Estou com um pouco de esperança mas com pé atrás, espero que o prefeito e os vereadores tenham um programa para revitalizar o bairro como um todo junto com o Fecomércio.” afirma Carlos. 


Relembrando o passado


Imagem Alexandre Braga e Sara dos Passos na formatura da universidade Gama Filho - Fotos: Sara dos Passos

Sara dos Passos, psicóloga, estudou na Gama Filho, na graduação e pós graduação, conheceu seu marido na universidade - quando ele cursava Engenharia Mecânica - fez aulas de natação na faculdade e sua filha também foi da última turma de natação.


Touca de natação da Filha de Sara guardada até hoje - Foto: Sara dos Passos

Sua irmã, Sandra dos Passos, também se formou na Universidade da Gama Filho. A advogada compartilha que ficou abalada quando a faculdade fechou oficialmente. “Era uma faculdade muito cara, até tinha bolsistas. Quando saiu as notícias eu não acreditei, como poderia um mundo daqueles, com professores renomados, juristas famosos que foram da universidade gama filho, parte de esportes na minha época era muito forte, a natação e a educação física era muito forte. Muitos atletas olímpicos saíram da Gama Filho “


A universidade que tinha a capacidade de 40.000 estudantes, já contou com a presença de personalidades como: Christina Teixeira, nadadora que já competiu nos Jogos Pan Americanos, Felipe Franco, atleta profissional de fisiculturismo, Sergio Rial, ex-CEO de empresas como a Americanas e o Banco Santander, Vanessa Riche, jornalista e Wagner Montes.


Sandra relembra da sua época na faculdade: “O cheiro da pipoca do pipoqueiro que ficava no espaço do jardim, a Pizzaria do Gordon que servia a pizza com mate, os barzinhos e as papelarias ao entorno me marcaram muito, até hoje quando eu sinto cheiros parecidos eu fico com saudade”. Já Sara relembra: “Toda sexta-feira era sagrado ir aos barzinhos no entorno! Enfim, a demolição foi algo muito triste! Passei o dia conversando com os amigos dessa época e relembrando os tempos de inocência e juventude!”


Ambas irmãs não são muito positivas quanto à construção do parque, o sentimento é de saudosismo. Sandra, ao mesmo tempo que fica feliz com o fim do abandono, tem receios de que o parque daqui a uns anos comece a ser ignorado pela prefeitura. “ Piedade nunca foi uma área muito vista e investida. Eu como estudante gostaria que aquele local que eu tanto gostava, se tornasse outro polo educacional ou um hospital. Meu receio é que o Parque Piedade se torne futuramente o Parque Madureira que já ouvi falar que está abandonado. “Assim como ela menciona, o Parque Madureira inaugurado em 2012, desde 2021 vem sendo reclamado pelos moradores. Com várias instalações quebradas, brinquedos e aparelhos em forma de má conservação.



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