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  • Giovanna Garcia

Apagões provocam caos nas cidades de São Gonçalo e Niterói

Diante de fatalidades e protestos, moradores da região pressionam Enel para solucionar os problemas


Repórter: Giovanna Garcia

Editor: Miguel de Paula


3º dia de manifestações, barricada na Avenida Maricá, perto do bairro “Rocha” - Fotos: Site A Nova Democracia

Após 72 horas sem luz, moradores de São Gonçalo e Niterói protestam nos principais pontos de circulação das cidades. Na noite de sábado (18), um temporal atingiu os locais e causou vários estragos nas ruas e casas, entre esses danos há um principal: o apagão. A empresa de energia, Enel, é responsável pela energia dessas regiões e ainda não solucionou o problema. Sem ação efetiva da instituição, os moradores começaram, no domingo (19) a queimar pneus, plantas e restos de lixo nas principais avenidas de suas cidades. No entanto, ainda há áreas que se encontram sem luz. 


Relatos


Anilson dos Santos, de 82 anos, mora em Jardim Miriambi em São Gonçalo, e está há  72 horas sem luz. De acordo com a família, quando a energia elétrica não estava completamente desligada, ficava em meia fase. Além disso, a Prefeitura de São Gonçalo, na terça-feira (21), relatou que nove postos de saúde e quinze escolas não funcionaram, e alguns comerciantes não conseguiram abrir seus estabelecimentos. 


Juliana Bastos, moradora da Ilha da Conceição, em Niterói, conta: “Inicialmente, a Enel nos deu de 10 a 15 dias para voltar a luz, mas como houve protesto, a Enel veio aqui e foi mais “rápido”. Juliana é uma das milhares de pessoas que foram para casa de parentes  e amigos para conseguir ficar bem. “Fugi  para Itaboraí para a casa de uns familiares, mas muita gente que eu conheço ficou, de fato, sem luz nenhuma, perdeu todas as comidas da geladeira e quem é doente, que fica diariamente na cama, perdeu medicamento e ficaram sem acesso a necessidades básicas.”


Em Niterói, houve protestos em diversos bairros. Em Charitas, os moradores fizeram um panelaço contra a falta de energia elétrica nos bairros de Badu, Itioca, Várzea das Moças, Engenho do Mato, Ilha da Conceição, Fonseca e Baldeador.  Nesse contexto, os habitantes queimaram pneus e fecharam as ruas como forma de reivindicação. Em São Gonçalo, os residentes foram às ruas, em bairros como: Rio do Ouro, Tribobó, Engenho Pequeno, Gradim, Porto Madama, Porto Velho, Porto da Pedra, Zé Garoto, Maria Paula, Rocha e outros. 


Erica Villa, moradora de Maricá, tentou ir para São Gonçalo para buscar seu neto que passou a noite do dia 18 para o dia 19 sem luz e sem sinal de celular. No entanto, não conseguiu passar de carro pela Estrada de Maricá, pois havia um protesto em que houve ateamento de  fogo em pneus e fecharam uma das pistas da rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) na altura do km 20,5 e 21. Sem passagem entre as cidades, seu neto só conseguiu ir para Maricá na segunda- feira. Ela menciona que na sexta feira, dia 18,  tinha deixado na casa dele algumas quentinhas e comidas para a semana, mas, por ficar sem luz, todas estragaram.


No domingo, 19 de novembro, às prefeituras de Niterói e São Gonçalo entraram com processo, uma ação civil pública contra a concessionária ENEL, devido à suspensão do fornecimento de energia elétrica na cidade. Nesse sentido, cada ação judicial vai determinar um tipo de multa. Para Niterói,  ficou determinado o pagamento de uma indenização com um valor de 100 mil reais por dia e para São Gonçalo 1 milhão de reais por dia sem luz.


Sobrecarga ou acidente?


No dia 20 de novembro, um funcionário da  Enel faleceu tentando consertar um poste de energia elétrica. Eletrocutado no bairro de Trindade (em São Gonçalo) ele chegou a ser levado para a UPMA (Unidade Municipal de Pronto Atendimento) em Nova Cidade, mas não resistiu. A empresa confirmou que o operador morreu enquanto fazia reparos, mas o motivo ainda não foi confirmado. 


A Enel informou por meio de nota: “A Enel Distribuição Rio lamenta profundamente o acidente ocorrido hoje (20/11) com um eletricista de uma empresa prestadora de serviços da companhia durante um atendimento de emergência em São Gonçalo. A Enel ressalta que a empresa parceira está oferecendo apoio aos familiares do colaborador. A Enel está em contato permanente com a empresa parceira desde que tomou conhecimento do acidente, para apurar as circunstâncias do ocorrido.”.


Muitos internautas desabafam nas redes sociais sobre o ocorrido. De acordo com eles, a população, nas manifestações, estavam pressionando os funcionários, mas na verdade deveriam ir para cima da empresa. Para alguns, a sobrecarga em cima dos trabalhadores causam problemas, tais como esses comentados, recentemente, nas redes sociais: 


Relatos nos comentários na imagem que informou sobre a morte do trabalhador - Fotos: Print de post do Instagram @informasaogoncalo

Além disso, um  funcionário da Enel que opera na região de Magé e Petrópolis, que preferiu não se identificar, comentou sobre o caso: “Infelizmente, aconteceu de amigos virem a óbito, por muitas das vezes, o tráfico para pegar a equipe no meio da estrada, levar para dentro das comunidades e, também, querer que a equipe se vire com o que tem no caminhão. Nem todos os caminhões são de emergência. Ele completa: “A Enel tem vários setores, quando acontece de o estado todo entrar em alerta vermelho, a Enel paralisa todos os setores para agir na emergência e ter mais equipes.”


Nas redes sociais, o funcionário comentou na publicação que informava a morte do colega de trabalho: “Só nós, funcionários, sabemos que em dias como esses de muita chuva, praticamente vira um suicídio a nossa profissão, por que sofremos pressão dos dois lados, da empresa e dos protestantes”


De acordo com o Engenheiro Elétrico e Engenheiro de Segurança do Trabalho, Roberto Coelho, “Não há informações do local do acidente, se houve choque elétrico em alta ou baixa tensão, se ocorreu queda do trabalhador, se estava trabalhando na condição energizada ou se chovia. Independente de qualquer coisa, um acidente não tem apenas uma causa. Existem ocorrências básicas e fatores contribuintes. Além dos componentes técnicos, como equipamentos de proteção individual e coletiva em boas condições, uma boa análise de risco no local do trabalho é um elemento preponderante para identificar possíveis cenários acidentais. Assim  podem-se propor as salvaguardas de prevenção e as medidas de mitigação em caso do acidente ocorrer. “


Uma ex-funcionária da empresa também comentou sobre essas condições precárias dos trabalhadores: 


Relato da ex funcionária, Sabrina, nos comentários na imagem que informou sobre a morte do trabalhador - Fotos: Print de post do Instagram @informasaogoncalo

Um outro caso foi relatado em um vídeo, um funcionário da empresa ficou pendurado no caminhão cair no barranco em Barão de Iriri, Magé. Não houve declarações oficiais sobre o que de fato aconteceu. No entanto, de acordo com Fernanda Cristina que gravou o vídeo, o caminhão foi consertar a luz e caiu no barranco pois estava sem freio. Fernanda fala “A empresa é irresponsável demais em mandar um carro sem freio para eles trabalharem”. Além disso, Cristina pontua também que estão até quarta-feira (22) sem luz.

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