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  • Giovanna Garcia

Problemas de logística fazem com que candidatos do Enem 2023 solicitem reaplicação do exame

Mais de 50 mil participantes relataram terem sido prejudicados pela designação do local de prova


Repórter: Giovanna Garcia

Editor: Miguel de Paula


Mais de 3,9 milhões de pessoas estavam inscritas no Enem 2023/ Foto: Arquivo Agência Brasil

Todos os anos, além do exame regular do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acontece o exame de  reaplicação no mês seguinte. Em 2023, mais de 50 mil participantes tiveram problemas com seus locais de prova. A principal reclamação dos estudantes prejudicados é de que a locação da qual foram designados para fazerem o exame ultrapassam a distância prevista pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)


Após a postagem de matérias denunciando o assunto em portais como o G1, as contestações nas redes sociais e os chamados na ouvidoria do Enem, o INEP permitiu que alunos com a distância com mais de 30 km entre sua residência e local de prova, pudessem solicitar fazer a reaplicação, caso não quisessem fazer nos dias estabelecidos primeiramente pela organização. Assim, de acordo com o edital, é prescrito que a distância máxima entre a residência do participante e a localidade designada seja de 30 km.


Nos dias 13 e 17 de novembro foram feitas as solicitações para o exame de reaplicação do Enem. As provas vão acontecer nos dias 12 e 13 de dezembro, juntamente com a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL).


Nas redes sociais, principalmente no aplicativo “X” (antigo Twitter), as reclamações com relação ao Enem e os problemas estruturais advindos do mesmo são frequentes. Não é a primeira vez que o exame aplicado anualmente é acompanhado de entraves que afetam os candidatos. A situação se repetiu também em 2014, 2015, 2016 e 2022. 


O número de abstenções no primeiro dia do Enem 2023 é de 28%, já no segundo dia o índice aumentou para 32% - Foto: Giovanna Garcia


Imagem de posts na rede social “X” de diferentes concurseiros, em 2014, 2015, 2016 e 2022 - Foto: Giovanna Garcia

No entanto, a realocação de alunos prejudicados não resolve os problemas do vestibular. Giulia Marques, que tenta ingressar no curso de Medicina, viu seu sonho ruir diante dos problemas do local de prova. A estudante desistiu da prova e relatou que para se deslocar de sua residência até o ponto de realização do exame teria que sair de casa durante a madrugada. Marques é uma das 50 mil pessoas que iriam perder um ano de vestibular, por motivos de cansaço e altos valores de passagem.


Após a resposta do INEP, ela optou por fazer a reaplicação em dezembro, mas, mesmo assim, diz que é prejudicial. “A segunda prova não é no mesmo modelo de logística. São dois dias seguidos e fica bem mais cansativo, já que a prova é muito extensa.”


Diferente da realização do exame regular em dois domingos seguintes, a reaplicação e o Enem PPL são feitos em apenas um final de semana. Desde 2017, o INEP decidiu colocar a prova em dois finais de semana distintos ao invés de um. 


Larissa Rossi, estudante de medicina, já fez uma prova de reaplicação em 2016. “Por estar acontecendo ocupação das escolas que foram alocadas para o vestibular, todas  as pessoas com a letra inicial “J”, que foram postas no campus da UFF do Gragoatá , não conseguiram fazer a prova porque estava tudo ocupado. Eu fiz como treineira porque eu estava no segundo ano do ensino médio, então senti muita diferença. O Enem acontecia ainda em um final de semana só.” Neste ano, a prova regular  não aconteceu em vários locais de aplicação em razão das ocupações por todo país. Com isso, o prejuízo para o INEP para a reaplicação da prova foi, em média,10 milhões de reais. 


Larissa ainda relembra: “Nesse ano eu lembro que o tema da redação foi muito parecido nas duas provas, o que acabou beneficiando quem fez a segunda. As duas tratavam sobre diferentes tipos de intolerância, o que ficou bem na cara por que quando aconteceu a primeira prova todo mundo só falava sobre isso. Por isso acho meio injusto.” 


Além da questão de logística do deslocamento, o edital também inclui, problemas causados por desastres naturais, falta de energia elétrica, falha no dispositivo eletrônico fornecido ao participante ou erro de execução de procedimento de aplicação. Sendo a última válida apenas mediante a comprovação de prejuízo ao participante, em todos casos que afetem a prova para serem válidos.


Para além dos entraves de logística, os casos envolvendo o comprometimento da saúde do estudante que irá prestar o Enem também são possíveis de pedir a reaplicação. De acordo com o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) é possível requisitar a nova aplicação para o candidato estiver nos dias da prova com algum tipo de  doença infectocontagiosa, tais como: tuberculose, coqueluche, difteria, doença invasiva por Haemophilus influenzae, doença meningocócica e outras meningites, varíola, varíola dos macacos, influenza humana A e B, poliomielite por poliovírus selvagem, sarampo, rubéola, varicela e covid-19. 


No entanto, a prova de reaplicação causa discussão entre alunos e professores. A professora da rede municipal do Rio de Janeiro, Nerina Lorite, opina: “É uma questão complexa, ao mesmo tempo que duas provas diferentes em condições diferentes pode ser injusto, é direito das pessoas fazerem a prova por questões que vão além delas, seja doença ou um local de prova prejudicado. Acho que a pergunta que fica é: Como dar direito a estudantes que tiveram algum problema externo, sem tornar a disputa injusta, ou seja, que não favorece nenhum dos lados? Acho que é um tema pouco discutido e que não vai ser resolvido tão cedo. Afinal, o INEP e o Enem não dão conta dos problemas estruturais e socioeducacionais que o Brasil demanda.”


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