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  • Giovanna Garcia

Pesquisa realizada pelo IEPS registra que 57% dos cariocas não têm acesso à saúde básica

O Rio de Janeiro é o primeiro colocado nas estatísticas


Repórter: Giovanna Garcia Editor: Miguel de Paula


Complexo de Clínicas na Favela da Rocinha - Foto: Extra Globo

O Rio de Janeiro é conhecido popularmente como “cidade maravilhosa”, porém muitos cariocas não têm o direito à saúde básica garantido. Em 2023, a pesquisa feita pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) apontou que o Estado é a pior cobertura da Rede de Atenção Primária à Saúde (APS) do Brasil, no qual atende 57,2% da população.


O acesso à saúde na cidade ainda é um tópico sensível. O estudante e residente de Enfermagem, Vinicius Pereira, conta que entende a ideia do atendimento primário cada vez mais no seu dia a dia. “A questão é complexa, temos que entender o que é acesso. Entender os determinantes sociais de todos, afinal determinantes sociais é tudo aquilo que circunda a pessoa e que pode influenciar na saúde. Além disso, o conceito de saúde também vai muito além da doença.”


Altas demandas


Dentro da Rocinha existem três clínicas da família que atendem a comunidade, o Centro Municipal de Saúde Doutor Albert Sabin - chamada de “Sabin” - localizada no topo da Rocinha, Clínica da Família Rinaldo de Lamare - chamada de “Lamare” - na parte central e Clínica da Família Maria do Socorro Silva e Souza - chamada de “Maria do Socorro” - no terreirão de baixo da favela. As clínicas da família são responsabilidade do Ministério da Saúde, junto a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro anexado ao Sus.


Vinicius, residente de enfermagem na Clínica da Família Maria do Socorro - a maior clínica da Família da Rocinha - há 2 anos, menciona que o local conta com dez equipes, porém nem sempre é possível atender a todos. “Tem dia que eu chego às 9 horas da manhã e saio às 20 horas da noite, sendo que eu sou apenas residente. Eu vejo, diariamente, muitas dificuldades no acesso à saúde no Rio de Janeiro.”


A moradora da Rocinha, Dayane Pimenta, já foi atendida algumas vezes nas clínicas da Rocinha, mas relata que muitas vezes evita ir ao local devido a demora. “Nas vezes que eu fui, demorou 3 horas com a consulta marcada. Eu estava marcada para às 14:30 e só fui atendida às 16:40. Além disso, uma moça que também estava na clínica, sem marcar a consulta antes, tinha chegado às 9:30 e quando eu saí, ela ainda estava lá. Os médicos são ótimos, mas a organização é péssima. Tem que ir pronto para perder o dia inteiro.”


Clínica da Família Maria do Socorro Silva e Souza na Favela da Rocinha - Foto: O Globo

Desafios Estruturais


Um outro fator que contribui para que as estatísticas permaneçam em estado crítico, são os desafios estruturais que estão presentes na realidade dos moradores das comunidades. Vinicius ainda comenta:A minha equipe é o “terreirão de baixo", é uma equipe muito vulnerabilizada. Uma mulher preta, idosa, analfabeta que mora no terreirão de baixo para chegar na clínica precisa subir muitas ladeiras e ainda repetir o trajeto de volta. Essa senhora vai ter dificuldade de chegar à clínica. Ou seja, muitas vezes, ela vai evitar fazer isso, porque é muito cansativo o deslocamento. Sem falar das pessoas com algum tipo de deficiência. A visita domiciliar é um dos recursos que usamos para atender essa parcela dos moradores, mas não é o mais frequente, afinal a Rocinha é enorme e o nossa equipe é insuficiente para dar o devido suporte, apesar de contarmos com três centros de atendimento à saúde.”


Dayanne comenta que já teve dificuldades de chegar à clínica, mesmo com 23 anos e sem qualquer tipo de deficiência. Na ocasião, ela relata estar passando mal e teve que subir uma das maiores ladeiras da favela, quando chegou à clinica não conseguiu ser atendida em razão de uma falha no sistema que não foi avisada para os moradores.


Organização e falta de verba


O problema não é exclusivo da Rocinha, os casos são comuns em outros locais e para além de outros âmbitos da organização do sistema de saúde. Alexandre da Silva, de 43 anos, em 2021, descobriu que precisa de uma cirurgia no coração. Ele conta que não obteve sucesso em marcar os exames adequados para realizar o procedimento cirúrgico na Clínica da Família da Engenhoca, em Niterói, e no posto de saúde próximo ao local. “Já fui lá algumas vezes e a cada hora surge um problema diferente, ou o local está sem sistema, sem vaga, ou os exames ficam sendo remarcados e levados em diante para meses a frente e nunca consigo fazer a cirurgia.”


A pesquisadora da pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), Helena Arruda, relata que a atenção primária é considerada a porta de entrada da população no Sistema Único de Saúde (SUS). A profissional aponta que o atendimento em primeira instância tem como objetivo identificar doenças em estágios iniciais, permitir o acompanhamento de doenças crônicas e resolver enfermidades para que elas não cheguem à média e alta complexidade.




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