Levantamento indica que cerca de 46% da população adota o vegetarianismo pelo menos uma vez na semana
Repórter: Bruna Silva
Edição: Paula Freitas
Em meio ao avanço da preocupação com o meio ambiente e os direitos dos animais, o vegetarianismo se consolida como uma alternativa alimentar. De acordo com dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), divulgados em 2021, 46% dos brasileiros já deixaram de comer carne pelo menos uma vez na semana. Um outro estudo, realizado pelo Ibope e divulgado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) em 2018, indica que 14% dos brasileiros se definem como vegetarianos. Esse número representa um aumento de 75% em relação ao mesmo levantamento feito em 2012.
Davi Braga, de 21 anos, está entre aqueles que optaram pela mudança no cardápio. Uma pesquisa a fundo sobre o funcionamento da indústria da carne levou o designer a interromper o consumo há seis anos. “Percebi que essa minha atitude não combinava com a minha ideia de contribuir para a sustentabilidade do planeta”, relembra.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a indústria da carne é responsável por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. Além dos potenciais benefícios ao meio ambiente, a mudança para de regime é capaz de promover um estilo de vida mais saudável. “A alimentação vegetariana pode reduzir as chances do desenvolvimento de algumas doenças, como diabetes e problemas cardiovasculares”, explica a nutricionista Gabriela Diniz. As proteínas vegetais são ricas em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes, componentes essenciais em uma dieta balanceada.
No entanto, os adeptos ao menu sem carne devem ficar atentos às taxas de vitamina B12, ferro, cálcio e aminoácidos, fornecidos ao organismo principalmente por produtos de origem animal. A profissional diz que a restrição pode ser benéfica para todas as idades, desde que seja orientada por um nutricionista. “O vegetarianismo não traz riscos à saúde, pelo contrário. Eu conduzi uma introdução alimentar vegetariana para uma bebê de 6 meses, oriunda de uma família vegetariana. Hoje, ela tem quase 2 anos e tem uma saúde perfeita”, acrescenta.
Embora o vegetarianismo não seja novidade, uma vez que registros mostram a existência dessa dieta por volta de 3200 a.C no Egito, alguns estabelecimentos ainda não oferecem opções sem carne. A estudante de Letras Gabriella Mouzinho, de 24 anos, teve que adaptar sua alimentação à vida social. Como a maioria dos restaurantes que frequentava não ofereciam alternativas vegetarianas, a jovem tinha de fazer a sua própria comida e levar para consumir nos locais, de forma a não perder o convívio com os amigos.
A universitária afirma que, quando disponíveis, os produtos de origem vegetal são muito caros. Por isso, acredita que os restaurantes desempenham um importante papel em “estimular as indústrias a diminuírem os preços e trazerem mais opções vegetarianas no cardápio”.
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