Um ano e meio após o contrato, clube carioca assume liderança no Campeonato Brasileiro e tem o melhor primeiro turno da história dos pontos corridos
Repórter: Ana Beatriz Dias
Editor: Larissa Mafra
Desde que o Botafogo virou uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF), o clube carioca passou por uma série de mudanças significativas em sua trajetória. Em 2020, o time enfrentou o terceiro rebaixamento para a Série B do Brasileirão. Entretanto, no ano seguinte, em 2021, surpreendeu a todos ao conquistar o título e garantir o retorno à elite do futebol brasileiro.
Apesar disso, o Botafogo ainda enfrentava desafios financeiros consideráveis. Foi nesse contexto que, em março de 2022, o empresário norte-americano John Textor adquiriu 90% das ações do grupo alvinegro, implementando reestruturação e melhoria. A mudança para uma SAF não apenas transformou a estrutura do clube, mas também impulsionou uma recuperação notável, com resultados mais eficientes em relação às outras SAFs do futebol brasileiro.
Durante a temporada passada, o clube investiu em 22 contratações e promoveu a renovação do elenco. Apesar dos esforços, no início de 2023 apresentou um baixo desempenho no Campeonato Carioca, sem indicar qualquer sinal de que teria um ano surpreendente. Inicialmente, o objetivo de Textor para a atual temporada no Brasileirão era garantir a classificação para a Copa Libertadores e, somente em 2025, almejar um título. Entretanto, o Botafogo já lidera o campeonato nacional desde a terceira rodada, com 11 vitórias em 12 partidas como mandante. Atualmente, com 51 pontos em 22 jogos, o alvinegro possui a melhor defesa e registrou o melhor primeiro turno da história dos pontos corridos.
Outros times também se tornaram SAFs, como Cuiabá, Cruzeiro, Vasco, Bahia e Coritiba. O Cuiabá, na 10ª posição, é o melhor colocado entre eles, enquanto os demais, que vieram da Série B, ainda não apresentaram bons resultados. Isso demonstra que as SAFs são projetos de longo prazo e que precisam de tempo para obterem “sucesso”. O Vasco, por exemplo, contratou 25 jogadores no seu primeiro ano com a 777 Partners (empresa norte-americana) e segue na zona de rebaixamento do Brasileirão, com uma campanha considerada “ruim” para o que foi investido.
Os clubes que se transformaram em empresas estavam com dívidas altas e fora da Série A, ou seja, ainda estão em processo de recuperação. Entretanto, o caso do Botafogo é surpreendente — o time carioca está no seu terceiro técnico em apenas 22 jogos, o que demonstra a adaptação da equipe aos diferentes treinadores e desafios. Além disso, Tiquinho Soares, principal jogador e artilheiro do campeonato com 13 gols, ficou lesionado durante o mês de agosto. John agiu rapidamente e contratou o jogador Diego Costa, conhecido internacionalmente, que marcou dois gols em sua segunda partida e garantiu a vitória do clube.
Alexander Alves Granadeiro, torcedor botafoguense de 53 anos, relatou que no início ficou desconfiado em relação à transição do time para a SAF. “Tive medo do Botafogo virar balcão de negócios de compra e venda de jogadores, e não focar em conquistas.” Ele contou que fica feliz pelos torcedores mais jovens poderem acompanhar um bom elenco e elogiou Textor: “Ele é um apaixonado por futebol e montou um staff com gestão e profissionais competentes, que realmente entendem o que estão fazendo.”
A 15 rodadas do fim, ainda não é possível afirmar que o Botafogo será campeão, mas a campanha atual ficará guardada na memória de seus torcedores. Nos jogos que disputa no Estádio Nilton Santos, é possível ver festa, formação de mosaicos e ingressos esgotados por parte dos botafoguenses. Desde 1995 sem ganhar um título expressivo, a torcida se mantém apoiadora e confiante com a nova fase que o time está vivendo.
Para Granadeiro, está sendo um prazer acompanhar os jogos e ver os resultados positivos. “Estou amando tudo isso! Adoro ver a torcida lotando o Nilton Santos, ela é gigante. Nós estamos vivendo o Botafogo. Se tivesse capacidade para 80 mil pessoas, iria esgotar.” O alvinegro ainda revelou que, depois de 28 anos sem comemorar, está convicto na expectativa para o título: “Vir de uma Série B em 2021 e poder ser campeão em 2023, é mágico. O elenco está muito equilibrado, vamos ver!”, concluiu.
Carlos Eduardo Ramos, de 23 anos, também é torcedor do time carioca e tem uma expectativa diferente sobre a SAF. “Achei interessante porque era uma oportunidade para o time se estruturar, de uma maneira rápida e organizada, em relação às partes financeira, esportiva e trabalhista.” O jovem mencionou que não esperava que os resultados positivos dentro de campo fossem rápidos. “Para nós, torcedores, é gratificante resgatar essa sensação, não vivíamos isso há muito tempo”, destacou.
Na visão de um torcedor mais novo, como Carlos, é uma felicidade poder recuperar a tradição que o Botafogo tem. Sobre o elenco, fez elogios: “Eles não são tão reconhecidos, isso é o diferencial, mas tem muita qualidade, é equilibrado em cada posição.” Ele acredita que cada contratação é planejada para o momento específico que o time vive. Caso seja campeão, o torcedor tem expectativas que o clube terá mais visibilidade e espaço no mercado de patrocínios, recebendo mais jogadores renomados. Por último, ele agradeceu o trabalho de Textor e demonstrou satisfação sobre a aproximação da torcida com o Botafogo. “É a melhor fase que já vivi com meu time, parece um sonho.”
É importante ressaltar que as SAFs são recentes no futebol brasileiro, e que esses times buscam se recuperar e competir por títulos novamente. Cada SAF tem um objetivo comum: alcançar competitividade, mas isso requer tempo para montarem equipes sólidas. Embora o Botafogo ainda não seja campeão, a torcida está aproveitando essa fase emocionante e apoiando o time com entusiasmo. Os ingressos esgotados são a prova disso, afinal, o incentivo dos torcedores é fundamental para os jogadores.
Comments