Na pandemia, mesmo com cinemas fechados, a rede social permitiu que fosse possível que amantes da sétima arte publicassem suas críticas de cinema
Repórter: Vitória Thomaz
Editor: Bernardo Monteiro
Em uma época de cinemas fechados por recomendação da OMS, o público apaixonado por filmes encontrou no aplicativo um lugar para escrever sobre o mundo cinematográfico. Denominado “Letterboxd” o site voltado para resenhas sobre filmes surgiu em 2011. A rede social foi criada na Nova Zelândia pelos Web Designers Matthew Buchanan e Karl von Randow. A plataforma obteve um sucesso considerável durante os anos da pandemia, tendo um aumento de mais de um milhão de usuários em 2020. A rede é aberta para o público em geral, não é necessário ser um crítico profissional para escrever no site, fato que conquista usuários de todo o mundo incluindo o Brasil.
Em 2020, como forma de evitar a propagação do coronavírus, e seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS), salas de cinema por todo o mundo ficaram fechadas. As salas de cinema do Rio de Janeiro, por exemplo, passaram sete meses de portas fechadas. O impacto da reclusão da quarentena afetou grandemente a indústria cinematográfica e aumentou o uso dos serviços de Streamings, como Netflix.
Os membros do site podem utilizá-lo de maneiras diversas, seja avaliando filmes com estrelas, escrevendo resenhas, fazendo listas sobre seus favoritos e interagindo e conhecendo outros fãs de cinema. Comumente, os usuários se denominam “Cinéfilos", a cinefilia é o gosto e interesse por cinema.
Em contato com 16 usuários brasileiros da plataforma, que possuem entre 16 e 25 anos, a maioria conta que começou a usar o aplicativo em 2020. Além disso, consideram que a pandemia foi um dos motivos principais para entrar para a rede social, pois com o isolamento, ter um espaço para discutir sobre filmes se tornou uma boa opção.
Bianka Neves, de 17 anos, usuária do Letterboxd, acredita que a pandemia tenha sido um dos fatores de popularização do letterboxd entre as pessoas. “Acho que o confinamento fez com que a maioria das pessoas despertasse um interesse por filmes, como forma de distração/diversão, e quisessem compartilhar em algum lugar suas opiniões, além de ver o que os outros postam e outras coisas que o aplicativo oferece”.
Ana Luiza Bomfim, de 22 anos, também afirma que a época de isolamento a levou a conhecer a plataforma. “Foi na pandemia que eu comecei a usar (o letterboxd) e a maioria dos meus amigos também”.
Segundo levantamento da revista “Exame”, no aplicativo - que a empresa diz ser o meio de acesso de 75% dos usuários - a faixa etária mais presente é de 18 a 24 anos. Logo, a explosão de crescimento do letterboxd, é uma tendência jovem. Hoje em 2023 o Letterboxd conta com mais de 10 milhões de contas registradas.
Gabriella Oliveira, de 20 anos, diz que o que mais gosta sobre o aplicativo é poder classificar filmes com estrelas e escrever avaliações. A plataforma, ainda se destaca, por ser um espaço onde se pode registar os filmes que você assistiu e lembrar disso mais tarde, como um diário. “Conheci o aplicativo quando procurei na internet uma forma de organizar e registrar os filmes que assistia”, diz Gabriella.
De membro do letterboxd a crítica de cinema
Uma simples diversão, em um momento descontraído após assistir filmes e sentir vontade de compartilhar suas opiniões, pode se tornar um trabalho. Foi o que aconteceu com Victória Fernandes, de 20 anos, estudante de história da arte. A jovem viu as coisas mudarem em sua vida depois do letterboxd. Usuária da plataforma desde 2018, a carioca apaixonada por cinema recebeu um convite após suas resenhas no site. “O letterboxd de uma forma engraçada acabou mudando a trajetória da minha vida porque de tanto postar críticas no aplicativo, uma pessoa me viu e me chamou para o site dela sobre cinema. Hoje em dia eu estou trabalhando com isso. Então, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”.
Desde sempre apaixonada por filmes, Victória é grata pelo o que a plataforma proporcionou a ela. Na sua visão, o amor pela sétima arte tem aumentado entre as pessoas. “Hoje em dia parece que o interesse pela indústria do cinema é cada vez maior e as pessoas querem participar disso”.
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