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Carlos Cavalcante

Kinoplex realiza sessão de cinema mensal voltada para crianças com autismo

Projeto traz à tona a importância da inclusão de autistas em eventos culturais


Repórter: Carlos Henrique Cavalcante

Editor: Eduardo Dias


A sessão adaptada acontece sempre no último sábado do mês / Foto: Kinoplex

Em um mundo moderno, onde a inclusão e a acessibilidade são valores em pauta atualmente, eventos culturais voltados para crianças não podem mais ignorar as necessidades específicas de menores com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Uma das opções para pais que procuram opções culturais para seus filhos é o “Kinoplex Azul”, sessão voltada para crianças com autismo que acontece todo último sábado do mês, com preços de meia entrada para as crianças e acompanhantes.


Rafaela Braga, 42 anos, mãe do Caio Braga, de 7, conta que foi a primeira vez que levou o filho para sessão: “A maior percepção que tivemos foi que as crianças ficam muito livres no espaço. Não houve nenhuma reclamação de elas poderem se movimentar, falar, questionar sobre o filme, independente do volume da voz”, afirma.


A psicóloga Danielle Bides, especialista em psicanálise, ressalta que os menores com o transtorno do espectro autista apresentam dificuldades de processamento sensorial: “Elas são mais sensíveis à luz e sons. Sendo assim, barulhos inesperados e conversas paralelas associadas a movimentações constantes dos outros podem desorganizar o pensamento desses pequenos”, destaca. Devido a estas condições, as sessões são adaptadas: o volume é mais baixo, a iluminação é mais branda e o público é reduzido, o que permite que a plateia possa andar, cantar e se divertir livremente.

Atividades culturais beneficiam o desenvolvimento da criança com TEA / Foto: Freepik

A interação com seus pares e a oportunidade de participar de atividades criativas podem contribuir significativamente para o desenvolvimento social e emocional dessas crianças. Bides ainda afirma que atividades culturais promovem o desenvolvimento físico e intelectual: “As atividades propostas nesses espaços fazem com que a criança com TEA tenha que seguir as instruções das brincadeiras, interagir diretamente com os amigos e emitir respostas, sejam elas vocais ou não”, ressalta.


A oferta de eventos culturais é enorme, desde sessões de cinema e parques de diversões até shows e competições esportivas. Contudo, é necessário que organizadores pensem na inclusão de todos. Bides explica que é preciso fornecer treinamento adequado para os funcionários entenderem o que é autismo e suas peculiaridades, além das questões estruturais do local. De acordo com a Lei 13.146 de 2015 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, toda pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.


O papel dos pais também é muito importante nessas atividades. Procurar e exigir adaptações para pessoas com TEA em eventos faz com que as empresas e organizadores percebam a importância de aumentar a acessibilidade. A compreensão e o carinho dos responsáveis com todas as crianças nesse espectro também são indispensáveis. Durante a sessão azul do Kinoplex, Rafaela reparou que todos os pais foram bem respeitosos com a movimentação das crianças no local: “Os responsáveis que estavam presente, que têm filhos com autismo, foram bem pacientes, e as crianças se sentiram muito incluídas”, relata.


As sessões adaptadas acontecem em três unidades na cidade do Rio de Janeiro: Kinoplex Boulevard Rio (Vila Isabel), Kinoplex São Luiz (Catete) e Kinoplex TopShopping (Nova Iguaçu). Até o fechamento desta reportagem, a rede não respondeu se pretende ampliar o projeto para mais cinemas e aumentar a frequência das sessões.

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