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Ex-auxiliar de pedreiro inaugura exposição no RJ sobre trajetória de vida

Há 3 anos, Johny Gomes abandonou a construção civil para se dedicar a arte


Repórter: Hiago Soares

Editor: Bernardo Monteiro


O artista Jota ao lado da sua pintura ‘Negro Drama’ - Foto: Hiago Soares

O artista plástico Johny Alexandre Gomes, popularmente conhecido como Jota, de 22 anos, inaugurou a exposição “Outras Obras”, em setembro. Em suas obras, o pintor expressa sua trajetória, com elementos que relembram seu passado, registram seu presente e destacam seus sonhos. A exibição está localizada no Arco do Teles, Centro do Rio de Janeiro.


Com cerca de 12 quadros, as telas apresentam autorretratos, representações de sua família, namorada e seus amigos que, juntas, constituem o projeto que levou um ano para ser produzido. A mostra cultural marca a estreia de Jota em uma exposição própria e individual, sem precisar dividir a galeria com demais artistas, como já havia acontecido anteriormente na ArtRio 2020 e 2021.


Morador do Complexo do Chapadão, na Zona Norte da cidade, Johny iniciou a vida profissional ao lado do seu tio, como auxiliar de pedreiro. O artista conta que sua visão artística surgiu durante a época de atuação na construção civil. “Mesmo sempre trabalhando - nas obras - com meu falecido tio, eu aproveitava o tempo livre e ficava desenhando com o lápis que utilizávamos nos serviços. Eu os fazia para mostrar à minha mãe e dizia que me tornaria tatuador”, ele relembra.


Como uma forma de honrar sua antiga profissão, o pintor decidiu intitular a exibição como “Outras Obras”, uma referência direta à transição de carreira vivida por ele. “A associação não é uma vergonha para mim. Já me falaram que eu estava querendo me vitimizar ou estava ‘queimando’ a minha arte, mas pedreiro é uma profissão essencial, todo mundo precisa de um”, explica Jota.


De acordo com Jota, a ideia de começar a pintar surgiu em 2020 quando ele desejou presentear um amigo. O artista plástico mencionou que seu amigo afirmou que não aceitaria o quadro de forma gratuita e decidiu pagar, apesar de ter sido um presente. O ato de generosidade fez com que Jota se sentisse mais confiante e continuasse com as pinturas. Ele acrescentou que seu amigo foi a primeira pessoa a acreditar nele, e que ele poderia ser famoso um dia.


A pintura ‘Preto desde nascença escuro de Sol’ de Jota - Foto: Johny Alexandre Gomes

A galeria utilizada por Johny é situada em um local com grande movimentação pelo Centro, principalmente por ser ao lado da Praça XV de Novembro, um dos destinos mais visitados por jovens adultos na cidade.


Vinicius Vianna, 21 anos, estudante de designer, visitou a exposição de Jota por acaso e logo se tornou um admirador do artista. “Eu estava passeando próximo ao Arco do Teles com o meu namorado e acabei passando em frente a galeria. Decidimos entrar e me encantei com os quadros - principalmente o primeiro, em que ele aparece trabalhando como pedreiro”.


O estudante ainda se diz muito feliz quando vê pessoas novas e oriundas da periferia conquistando esses espaços e realizando seus sonhos. Vianna ainda concluiu: “A história de Jota é muito inspiradora e nos mostra o quão importante é a oportunidade na vida dessas pessoas. Espero que mais jovens consigam expor seus talentos pelo Brasil afora e que Jota não seja uma exceção”.


Além da exposição “Outras Obras” no Rio de Janeiro, Jota também divulga seu trabalho pelo @explicito___ no Instagram. É uma forma de conhecer mais sobre o artista pela rede social que conta com mais de 18 mil seguidores.

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