Consequências vão de hipertensão a tipos específicos de câncer, alerta nutricionista
Repórter: Bruna Silva
Editor: Gabriel Amaro
O Brasil comemorou o Dia das Crianças neste mês de outubro, mas uma questão de saúde pública relacionada à população infantil permanece em foco: a obesidade. Mais de 340 mil crianças brasileiras, entre 5 e 10 anos, foram diagnosticadas com a doença em 2022, segundo um relatório do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde (Sisvan). Os números apontam para uma crescente epidemia que pode ter implicações graves, como o aumento do risco de hipertensão e diabetes entre os jovens.
Bernardo, um menino de nove anos, é um dos rostos por trás dessa estatística. Ele foi diagnosticado com obesidade há dois anos. Sua mãe, Andreia Sampaio, descreveu como entendeu que a situação era mais complexa do que imaginava. “Quando eu descobri que o Bernardo era obeso foi um grande choque. Eu pensava que era apenas uma fase que resolveria facilmente com uma dieta, mas logo percebi que era algo mais sério. Comecei a me perguntar o que tinha feito de errado,” disse ela.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que o número de crianças obesas no mundo poderá chegar a 75 milhões até 2025. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que uma em cada três crianças entre cinco e nove anos está acima do peso.
A nutricionista Giovana Diniz, especialista no cuidado da alimentação infantil, explica que as maiores causas para a obesidade nesse público mais jovem são os maus hábitos alimentares, o sedentarismo, a genética e os distúrbios psicológicos. Ela evidencia a gravidade das consequências da doença para a saúde das crianças: "A obesidade infantil pode trazer o aumento de risco para hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, distúrbios metabólicos de lipídios, doenças vesiculares ou ósseas e até alguns tipos de cânceres".
A profissional afirma que esse problema pode ser prevenido com uma rotina de atividades físicas e alimentação saudável. Andreia, mãe de Bernardo, reforçou a importância de buscar o tratamento adequado após o diagnóstico: “Procuramos uma nutricionista para entender o que fazer em seguida. Graças ao médico que nos atendeu, a alimentação do Bernardo foi totalmente modificada para melhor e ele começou a praticar exercícios físicos”.
De acordo com critérios da OMS, uma criança é oficialmente diagnosticada com obesidade infantil quando seu peso está pelo menos 120% acima do considerado ideal para sua idade e altura. Diniz considera a atenção dos pais à dieta dos filhos fundamental. A nutricionista diz que essa vigilância não só ajuda a prevenir a obesidade, como também incentiva as crianças a adotar um estilo de vida mais saudável desde cedo.
Diniz enfatiza a responsabilidade dos pais na formação de hábitos alimentares saudáveis para seus filhos. “Apostar na variedade de alimentos de alto valor nutritivo, incluir grãos integrais e proteínas magras na refeição das crianças é fundamental para evitar o desenvolvimento de sobrepeso,” aconselha a especialista. Ela também alerta para o consumo de produtos prejudiciais: “Os pais devem evitar que suas crianças comam alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras saturadas e sódio, e devem diminuir o consumo de bebidas açucaradas”.
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