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  • Rafael Lopes

Basquete nacional luta para se popularizar entre o público brasileiro

Números de audiência de NBB e NBA demonstram preferência pela liga norte-americana


Repórter: Rafael Lopes

Editor: Miguel de Paula


De volta ao NBB após três temporadas, o Botafogo enfrentou o Flamengo na última terça (7) - Foto: Gilvan de Souza/Instagram do FlaBasquete

Principal liga profissional no Brasil, o NBB é o torneio de maior prestígio no basquete brasileiro. Em um país cinco vezes medalhista olímpico e duas vezes campeão mundial, é imaginado que a modalidade nacional seja incentivada e consumida pelo público. Os números de audiência, entretanto, mostram que essa não é a realidade atual da liga de basquete brasileira. Na atualidade, mesmo que o interesse no NBB tenha crescido, os números são completamente desiguais em comparação com o público que consome a liga estadunidense. 


Segundo pesquisa da Think With Google, o basquete é o terceiro esporte mais consumido no Brasil, atrás apenas de vôlei e futebol. Acontece que a audiência é direcionada, na grande maioria das vezes, ao basquete americano. Repleta dos maiores e mais reconhecidos talentos do esporte, a NBA é uma grande febre mundial. Atualmente, o Brasil conta com 46,1 milhões de fãs da liga de basquete americana. O número mais que dobrou em relação aos dados de 2017, que constavam 21 milhões de espectadores, segundo pesquisa do IBOPE.


Se engana quem pensa que a audiência do basquete nacional está caindo. Em 2022, a transmissão recorde de audiência do NBB, na final entre Flamengo e SESI Franca, teve 165 mil espectadores simultâneos no Youtube. O número, de fato, é expressivo, porém a comparação com o recorde de público da NBA demonstra a discrepância: na final da Conferência Oeste, disputada entre Golden State Warriors e Dallas Mavericks, o canal da TNT Sports no Youtube registrou a marca de 1,2 milhões de visualizações simultâneas. O valor é dez vezes maior que o sucesso de transmissão no NBB.


Para Diego Marcondes, jornalista especializado em basquete nacional e de seleções, a qualidade do jogo e dos atletas é a principal influência no sucesso: "A NBA deu tão certo que se tornou um produto maior que o próprio basquete. Com um espetáculo de enterradas e bolas de três, a liga criou uma parcela de telespectadores que assistem casualmente, sem preocupação com o entendimento tático do jogo." Ele complementa dizendo que o basquete brasileiro se diferencia do americano no baixo incentivo, e que a mídia se aproveita do que gera interesse público. O fato do basquete nacional ter pouca atenção se dá justamente pela falta de incentivo à prática. 


Em um país reconhecido mundialmente pelo sucesso no futebol e no vôlei, o basquete não é priorizado como um produto, justamente por não estar presente no cotidiano da população. Marcondes acredita que a diferença técnica entre o basquete americano e brasileiro é tão grande que representa nichos diferentes para o público: "Nos Estados Unidos, a qualidade técnica e o espetáculo vendido são tão impressionantes que existem pessoas fãs da NBA, mas que não se importam com o basquete no geral." 


Entre os fãs, a fala do jornalista se confirma. Fernando Azevedo, torcedor do Houston Rockets, entende que o ponto-chave da questão no Brasil é a falta de incentivo: "O Brasil enxerga muito mais o futebol do que qualquer outro esporte. Nos Estados Unidos, o incentivo é por meio de marketing, patrocínios e até bolsa de estudo para jovens estudantes. O resultado disso é uma liga de altíssimo nível, considerada por muitos a mais difícil do mundo." No Brasil, o cenário para os clubes de basquete é instável. 


O Vasco, por exemplo, está de volta ao NBB na temporada 23/24. Tradicional no esporte, o clube chegou a disputar o Mundial de Basquete em 1999, mas sofreu com a falta de investimentos e precisou fechar as atividades da modalidade algumas vezes na última década. Diego Figalva, estudante de jornalismo e fã de basquete, tem convicção de que a instabilidade atrapalha o desenvolvimento da modalidade: "Não são apenas os clubes que sofrem com a falta de estrutura, é um panorama geral. Os próprios jogadores não se mantêm por muito tempo na liga. Com esse pano de fundo, é muito difícil competir com a estrutura de uma liga tão preparada como a americana."


A temporada 23/24 tem tudo para representar um aumento na audiência da liga. Além das expectativas altas no SESI Franca, atual campeão mundial de basquete, a liga conta com o retorno de Vasco e Botafogo à modalidade. Ao lado de Flamengo, Corinthians e São Paulo, os dois cariocas fazem parte das equipes tradicionais no futebol que possuem times no NBB. Este é um cenário interessantíssimo para o crescimento de espectadores. Diego Marcondes enxerga na prática o potencial dos clubes oriundos do futebol: "Eu tenho várias experiências com torcedores de São Paulo, Vasco, Flamengo… a grande maioria das torcidas só se importa com o futebol, mas, evidentemente, quando vê seu clube jogando numa quadra de basquete, ele automaticamente dá atenção. Isso se traduz em audiência tanto ao vivo como nas telas."


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