Economista destaca importância do programa para as famílias de baixa renda
Repórter: Estefani Andrade
Editor: Eduardo Dias
O Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do Brasil, é responsável por auxiliar as famílias mais necessitadas com suporte financeiro que auxilia principalmente na compra de alimentos. O programa promove também o incentivo à educação ao exigir que as crianças e adolescentes beneficiárias frequentem a escola regularmente. Este critério contribui para quebrar o ciclo da pobreza no país, pois os jovens têm melhores perspectivas profissionais.
Criado pelo governo Lula em 2003, o Bolsa Família é uma das principais ferramentas no combate à fome e às desigualdades no país. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa, que completa 20 anos, reduziu o nível de pobreza em, aproximadamente, 15% e o de extrema pobreza em 25%. Para receber o benefício, a família deve ter uma renda mensal de até R$218 reais por pessoa.
A economista Marcela Lima explica como o programa é importante para as famílias de baixa renda, já que ele pode proporcionar estabilidade financeira: "O Bolsa Família é essencial para essas famílias. Ele ajuda na compra de alimentos, acesso à educação e cuidados de saúde, melhorando a qualidade de vida".
Ao todo, 21,14 milhões de famílias são beneficiadas pelo programa, de acordo com o governo federal. Dona Maria, de 55 anos, faz parte desse número. Ela, que cuida sozinha de seus dois filhos, recebe o benefício há cinco anos. Maria relata que a maior mudança que percebeu, desde que começou a receber o Bolsa Família, foi na alimentação: "Eu passei um período desempregada e a gente passou por algumas dificuldades em relação à alimentação. Agora eu posso dizer que está muito melhor, eu vou no mercado, compro leite, feijão, arroz, uma carne, essas coisas".
O valor mínimo do auxílio é de R$600 reais por mês, mas pode variar. As famílias com crianças de até 6 anos recebem um adicional de R$150 reais por criança, e aquelas que têm integrantes de 7 a 18 anos, além de gestantes, recebem mais R$50 reais para cada. A economista fala sobre como a iniciativa atua na situação econômica do país e na redução da pobreza: "O programa ajuda a aumentar o poder de compra das famílias de baixa renda, estimulando a demanda interna e contribuindo para o crescimento econômico".
De acordo com Lima, os principais benefícios econômicos proporcionados pelo Bolsa Família são: melhoria na alimentação, acesso à educação e a cuidados médicos. O programa também contribui para quebrar o ciclo da pobreza ao permitir que as crianças tenham melhor educação e, eventualmente, empregos mais qualificados.
Uma mulher carioca de 34 anos, que não quis se identificar, também é uma das beneficiárias que evidenciam o impacto positivo do programa. Ela relata que, além da ajuda financeira, o auxílio incentivou, de certa forma, a educação de sua filha: "O Bolsa Família me ajudou e continua me ajudando muito. No momento eu trabalho como autônoma, não tenho carteira assinada e o dinheiro que eu recebo do Bolsa Família ajuda a complementar a renda, a compra do mês no supermercado é garantida. E pra receber o dinheiro as crianças têm que frequentar a escola e a minha filha não falta um dia".
O programa também tem ajudado a reduzir a desigualdade econômica no país. Lima explica que, por mais que o caminho para acabar com as desigualdades ainda seja longo, pelo menos durante esses 20 anos o Bolsa Família exerceu impacto positivo na distribuição de renda no Brasil. "O programa tem um efeito significativo na redução da desigualdade ao direcionar recursos para os mais necessitados, diminuindo a disparidade de renda entre diferentes grupos sociais", afirma a economista.
Além disso, em períodos de crises econômicas, como a desencadeada pela pandemia de COVID-19, a economista ressalta que o Bolsa Família desempenha um papel crucial ao fornecer apoio financeiro imediato às famílias vulneráveis. Ao garantir o poder de consumo dessa parcela da população, o benefício reduz os impactos econômicos sobre ela e mantém a demanda interna, o que pode estimular a recuperação econômica mais ampla.
Em evento de comemoração de 20 anos do Programa Bolsa Família, o presidente Lula falou em videoconferência sobre a importância da iniciativa para acabar com a fome de milhões de famílias necessitadas do país. “Pouco dinheiro na mão de muitos, como o Bolsa Família, significa a possibilidade da pessoa comer três vezes ao dia, significa a possibilidade das pessoas tomarem as suas vacinas, significa a possibilidade das pessoas continuarem na escola e não permitir a evasão escolar. Pouco dinheiro na mão de muitos significa a distribuição de renda. (...) Isso não é favor do governo, é obrigação. A coisa mais barata que tem no orçamento da União é cuidar do povo pobre, é cuidar das nossas crianças”.
Lula também ressaltou o compromisso de tirar o Brasil do mapa da fome da Organização das Nações Unidas (ONU) até o final de 2026. Ele disse que espera que a ONU anuncie ao mundo que o Brasil, outra vez, acabou com a fome.
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