Criadores negros foram o grande destaque do evento deste ano
Repórter: Tiago Mendes Editor: Eduardo Dias
ArtRio de casa cheia neste domingo (17) - Foto: Tiago Mendes
A décima terceira edição da ArtRio, a feira de arte do Rio de Janeiro, ocorreu na Marina da Glória entre os dias 13 e 17 de setembro. A edição deste ano do evento, que ocorre desde 2013, recebeu mais de 100 colecionadores, curadores e artistas. Houve um acréscimo de 25% na quantidade de obras apresentadas, possibilitado pela ampliação do espaço disponibilizado em comparação com a edição anterior.
O destaque da feira foram as produções de artistas negros, que usaram de suas experiências como inspiração para suas criações. Eles buscaram, por meio de suas obras, impulsionar e estimular o pensamento crítico, além de discutir sustentabilidade, racismo e resistência e sociedade, tanto no cenário mundial quanto nacionalmente.
Nascido e criado na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, Maxwell Alexandre foi um dos artistas que participou da exposição. O carioca tem se destacado no cenário brasileiro e apresentou suas produções na Cahiers d’Art, em Paris, uma das maiores galerias de arte do mundo. Maxwell traz experiências pessoais do ambiente periférico onde viveu e busca dar um novo papel para a cultura negra na sociedade.
Obra de arte da exposição Entrega: One Planet. One Health na ArtRio - Foto: Tiago Mendes
Carlos Lacerda, estudante de belas artes de 24 anos, ressaltou o impacto artístico de Maxwell: “A arte dele é muito importante na nossa sociedade atual porque invade um âmbito muitas vezes elitista que são as artes plásticas. O destaque que ele vem recebendo é importante para ele como profissional, mas também serve para destacar a vivência das periferias e favelas, que são muitas vezes marginalizadas e deixadas à beira da sociedade pelas mesmas pessoas que estão nesta feira”.
Além de Maxwell, o baiano Igor Rodrigues também expôs suas criações no evento. O artista é formado em psicologia e procura dar novos sentidos ao corpo negro na sociedade contemporânea. Ele destacou que cumpre seu objetivo como artista quando suas produções fazem com que as pessoas negras se sintam representadas.
Galeria de Arte com as obras de Igor Rodrigues na ArtRio - Foto: Tiago Mendes
Sobre a importância do seu trabalho, Igor afirmou: “Minha arte dialoga diretamente com o povo preto, isso significa então que serve para empoderar e para servir como espelho, buscando lutar e resistir. Sei que galerias de artes como aqui, a ArtRio, são de fato mais frequentadas mais por brancos do que pretos, mas a arte para os brancos significa educação e respeito.”
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